Apesar de toda a criptografia e segurança das plataformas, basta uma intimidação judicial para que as mensagens sejam lidas por terceiros.

Um documento do FBI aponta que a agência consegue com relativa facilidade coletar dados do WhatsApp, da Meta, e do iMessage da Apple, o que entra em conflito com a filosofia de privacidade para seus clientes. Apesar de toda a criptografia e segurança das plataformas, basta uma intimidação judicial para que as mensagens sejam lidas por terceiros.

O documento “Acesso Legal”, preparado em conjunto pelo Departamento de Ciência e Tecnologia e Divisão de Tecnologia Operacional do FBI, é um guia de como agências estaduais e federais podem obter legalmente grandes quantidades de dados de nove aplicativos de mensagens mais populares do mundo.

O documento mostra quais são as possibilidades e resultados de cada recurso legal. Uma intimação, por exemplo, está restrita a informações básicas do usuário. No entanto, um mandado de busca permite o acesso a contatos de um usuário-alvo, bem como de outros usuários que tenham o indivíduo-alvo em seus contatos, de acordo com o FBI.

O WhatsApp é o mais rápido e chega a atender os pedidos praticamente em tempo real, a cada 15 minutos. Isso permite a visualização de metadados do usuário, embora não o conteúdo real da mensagem. As outras empresas respondem bem mais devagar e o atraso na entrega pode comprometer o andamento das investigações, indica o relatório.

Quando foi lançado, antes da aquisição da Meta (ex-Facebook), o WhatsApp vendia a promessa de mensagens com tecnologia de criptografia de ponta a ponta, em que apenas o remetente e destinatário teriam acesso às informações transmitidas. No entanto, tecnicamente é possível ler o conteúdo das mensagens, ou pelo menos das cinco últimas, em caso de denúncia.

Com mais de 2 bilhões de usuários, o WhatsApp é o aplicativo mais popular do mundo. Com isso, um quarto da população global pode estar acessível ao governo americano e de forma considerada legal. O que pode tornar possível um sistema de vigilância em massa, uma vez que não há impedimentos técnicos — e sim regras internas das companhias — para acessar os dados.

FONTE: Tecmundo | FOTO: EBC