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Profissionais usam Instagram como vitrine de negócios, mas garantem que nada substitui o olho no olho

O aquecimento no mercado imobiliário gerou não apenas o aumento na procura por imóveis, mas também pela corretagem. Nos oito primeiros meses deste ano, o país ganhou mais de 30 mil novos corretores, segundo o Sistema Cofeci-Creci, que regula a categoria. Um crescimento de 7,9% em relação ao total de credenciados em 2020, índice que não chega a ser surpreendente numa ocupação que é tradicionalmente procurada em tempos de crise. A matéria completa pode ser vista na Folha Online.

Trabalho não falta, garante o presidente do Creci-SP (Conselho Regional de Corretores de Imóveis de São Paulo), José Augusto Viana. Segundo ele, os 445 mil profissionais em atuação hoje no Brasil representam apenas 20% da demanda no país.

“Construtoras, incorporadoras e imobiliárias procuram profissionais e não encontram”, avalia Viana, que viu o número de habilitações mensais dobrar em São Paulo desde abril de 2020, para 2.000 novos profissionais por mês.

Um gargalo na profissão é a capacitação. Embora cerca de 70% dos corretores atuantes no país tenham nível superior, são cursos em áreas que nada têm a ver com a corretagem, que exige somente ensino médio e o curso técnico em transação imobiliária. Profissionais com o curso de gestão em negócios imobiliários, que equivale ao de tecnólogo, são cerca de 15 mil, ou menos de 3,5% do total.

A falta de salário fixo e ganhos regulares não é o único desafio dos corretores. O crescimento de startups e portais imobiliários que investem cada vez mais em tecnologia exige atualização constante desses profissionais.

Pesquisa elaborada pelo DataZAP+, área de inteligência do portal ZAP+, em junho deste ano, revela que os meios digitais aparecem no topo entre os canais mais utilizados pelos usuários do portal. Sites de imobiliárias (66%), portais especializados (63%) e sites de busca (42%) lideram a preferência. As perguntas eram de múltipla escolha.

Num cenário assim, seria o corretor dispensável? O próprio portal levantou essa questão ao publicar, em setembro, um anúncio direcionado a proprietários de imóveis que sugeria a dispensa da intermediação imobiliária para economizar a taxa de 6% da corretagem. A peça publicitária causou revolta entre corretores e levou o ZAP+ a pedir desculpas lançando, poucos dias depois, uma campanha de valorização da profissão.

O corretor que se limita a visitar imóveis vem desaparecendo. Em seu lugar, surge a figura do consultor, que entende da parte legal e burocrática da documentação, mas também de gestão financeira e precificação; que acompanha a política e economia do país para entender a fundo o mercado imobiliário e o melhor momento de investir.

O currículo inclui ainda ser um especialista na sua área de atuação e nicho de mercado e, claro, saber usar a tecnologia a seu favor.

“A maioria das pessoas compra e vende um, dois imóveis na vida. Isso significa que dois agentes, que não entendem nada daquele mercado, precisam se encontrar para fazer um negócio, que será o maior da vida deles. Por isso, a figura do corretor é indispensável”, afirma Tiago Galdino, diretor-executivo do Imovelweb.

“O robô, a máquina não vão substituir o conhecimento e a empatia. A tecnologia fortalece o processo de análise dos imóveis, apoia os corretores nos processos de venda e traz muitos dados. Mas a relação humana não acaba”, avalia a corretora Graziella Labate, 49, no mercado há 18 anos e à frente da imobiliária Graziella dos Imóveis desde 2009, ela investe nas redes sociais como vitrine para seu negócio. Nos últimos três anos, cerca de 24% de seus clientes vieram do Instagram.

Com informações da Folha Online | FOTO: Publicidade imobiliária