Para graduanda com experiência no Movimento Empresa Júnior, a formação acadêmica associada à formação empreendedora consegue viabilizar ao alunado um desenvolvimento mais completo, transversal e assertivo para o mercado de trabalho.
Heloise Papa é graduanda em Direito na UFRN e Community Analyst na comunidade empresarial MITHUB
É consenso ao entendimento social que a formação universitária representa uma etapa importante no desenvolvimento profissional. Entretanto, a visão clássica desta formação – ensino baseado em aulas expositivas e elaboração de pesquisas – vem se revelando cada vez mais superada.
A Revolução Industrial 4.0 evidencia a necessidade de que a ela sejam agregados outros aspectos. Dentre eles e, ao meu ver, o principal, destaca-se a formação empreendedora, compreendida como “disposição ou capacidade de idealizar, coordenar e realizar projetos, serviços, negócios”. (1)
De início, a formação empreendedora contribui de forma expressiva para o desenvolvimento profissional por expor o alunado a conhecimentos diferentes do que se tem acesso nas salas de aulas ou no desenvolvimento de pesquisas acadêmicas.
A exemplo disso posso compartilhar o período do qual fiz parte da Empresa Júnior do meu curso, a CONSEJ – Consultoria Jurídica Júnior. Nesse projeto de extensão os membros vivenciam na prática o que se aprende na sala de aula, por meio da realização de serviços para clientes reais do mercado.
A partir dessa experiência, para além do conhecimento técnico-jurídico, desenvolvi conhecimento de gestão, marketing, finanças e até governança corporativa.
O Movimento Empresa Júnior hoje já está em todos os estados do país, com mais de 20 mil membros ativos em diferentes cursos de graduação. E, em resposta ao último Censo e Identidade realizado entre estes, 76,09% afirmaram que em suas empresas júniores conseguem aprender fazendo constantemente. (2)
Para além, a formação empreendedora também desenvolve habilidades comportamentais (soft skills) importantes para o exercício profissional de todas as áreas. Ainda na minha experiência como empresária júnior, por meio dos diferentes papeis que assumi ao longo da trajetória, consegui aprender e desenvolver aspectos de liderança, criatividade, negociação, adaptabilidade, inteligência emocional, entre outras importantes habilidades.
Tamanha é a relevância desses elementos que o próprio Linkedin, maior rede social profissional do mundo, revelou que as 5 principais soft skills mais procuradas pelas empresas, em 2019, foram: criatividade, persuasão, trabalho colaborativo, capacidade de adaptação e gestão de tempo. (3)
Enquanto estudante de Direito já ouvi algumas vezes que a área jurídica, em especial, não consegue se relacionar com o empreendedorismo, sendo este de utilidade restrita a cursos de administração e/ou engenharias.
Isso, no entanto, não é verdade e, honestamente, empobrece o potencial de impacto que nossa profissão possui. Basta olharmos para o número crescente de Lawtechs (startups com produtos ou serviços destinados ao mercado jurídico) no nosso país que unem o conhecimento técnico-jurídico à inovação e apresentam novas soluções para o mercado. Hoje superam 150 empresas.
Ademais, importa dizer que essa não é uma realidade exclusiva do setor privado.
No Rio Grande do Norte, a 6ª Vara da Justiça Federal, que tem por titular o Juiz Federal Marco Bruno Miranda Clementino, já foi reconhecida diversas vezes pela adoção de tecnologia e inovação no exercício do seu labor, desde a inclusão de recursos visuais e QR-Codes em peças jurídicas – possibilitando um discurso jurídico mais participativo – até a implementação de um espaço de Coworking no referido órgão, recebendo, inclusive, menção honrosa no Prêmio Ajufe de Boas Práticas de Gestão. (4) .
Diante disso, é evidente notar que a formação acadêmica quando associada à formação empreendedora consegue viabilizar ao alunado um desenvolvimento mais completo, transversal e assertivo para o mercado de trabalho.
Assim, explorar essa conexão é um caminho próspero para o desenvolvimento de Instituições de Ensino Superior mais maduras, soluções mais inovadoras e, sobretudo, formação de profissionais mais qualificados, E, você, está se preparando para ser o profissional da Revolução 4.0?
1 Disponível em: < https://languages.oup.com/google-dictionary-pt/ >
2 Disponível em: <https://drive.google.com/file/d/1pzNVD2HoW_eJFm9XEjqa9ZEGm_Uh_BV/view?usp=sharing >
3 Disponível em: < https://www.linkedin.com/pulse/linkedin-revela-compet%C3%AAncias-queser%C3%A3o-mais-em-2019-refkalefsky/ >
4 Disponível em: < https://www.jfrn.jus.br/noticia.xhtml?idNoticia=17286 >
Heloise Papa é graduanda em Direito na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e Community Analyst na comunidade empresarial MITHUB. Finalizou sua trajetória no Movimento Empresa Júnior como Presidente do Conselho da Confederação Brasileira de Empresas Juniores (Brasil Júnior). Anteriormente assumiu os papeis de Coordenadora de Gente e Gestão na Brasil Júnior e Consultora Jurídica, Assessora de Desenvolvimento Humano, Presidente Executiva e Conselheira na CONSEJ – Consultoria Jurídica Júnior. Estagiou na Melo Advogados Associados e na 9ª Procuradoria de Justiça do MPRN.