Juíza da Suprema Corte dos EUA que morreu na sexta (18) vira inspiração no meio jurídico e se transforma em ícone pop
Ruth Bader Ginsburg estava na casa dos 80 anos quando dominou a Internet. Depois vieram os filmes. A juíza da Suprema Corte, que morreu na sexta-feira, 18, aos 87 anos, se tornou uma celebridade da cultura pop improvável no final de sua vida. Uma reportagem no portal do jornal O Globo trouxe a dimensão da magistrada.
Embora reservada em sua vida pessoal, Ginsburg era publicamente conhecida por emitir opiniões judiciais pontuais e poderosas, alimento que acendeu a fama de Ginsburg na internet.
Um blog da rede social Tumblr chamado Notorious R.B.G. – uma brincadeira com o nome da rapper Notorious B.I.G., que nasceu no Brooklyn como Ginsburg – foi iniciado por uma estudante de Direito em 2013 e extraiu as opiniões da juíza, bem como imagens e notícias sobre ela. Isso lançou as bases para um maior interesse em sua vida.
A biografia ”Notorious RBG: The Life and Times of Ruth Bader Ginsburg” foi publicada em 2015 por Irin Carmon e Shana Knizhnik (a estudante de Direito que iniciou o blog). Três anos depois, o documentário “A juíza” (“RBG”, no original) se tornou um sucesso de bilheteria e recebeu uma indicação ao Oscar. Um filme biográfico, “Suprema”, escrito por seu sobrinho, também foi lançado naquele ano.
“A juíza”
Normalmente reservada, a juíza abriu uma exceção para as documentaristas Betsy West e Julie Cohen, diretoras de “A juíza” (2019). O filme, que foi indicado aos oscars de melhor documentário e canção original amanhã, mostra a vida íntima e familiar da juíza — até levantando peso na academia ela aparece.
Muito mais do que explorar o status de ícone pop que ela ganhou nos últimos anos, porém, o documentário resgata sua longa trajetória, desde a faculdade de Direito. Com isso, joga luz sobre o que fez antes de 1993, quando entrou na Suprema Corte. Ainda uma jovem advogada nos anos 1960 e 1970, Ginsburg pegou diversos casos que revolucionariam os direitos das mulheres diante da Constituição americana.
— Começamos o documentário em 2015, quando Trump ainda não era candidato — contou ao GLOBO no ano passado a diretora Betsy West. — Quando o lançamos, em 2018, ele já era presidente. Nesse meio tempo, a relevância de Ginsburg cresceu. Por Trump ser controverso, mais pessoas começaram a olhar para o que acontecia na Suprema Corte (que tem poder para parar seus projetos de lei) e para a juíza Ginsburg. Quando o filme saiu, parece que ele tocou um nervo. As pessoas saíam do cinema e diziam: “Eu estava precisando disso”. Porque Ginsburg é inspiradora e estabeleceu um padrão para decência e humanidade que fez as pessoas se sentirem bem.
“Suprema”
O filme biográfico estrelado por Felicity Jones retrata o tempo de Ginsburg em Harvard Law e o processo que se tornaria um dos blocos de construção das leis que proibiam a discriminação de gênero. O sobrinho da juíza, Daniel Stiepleman, passou vários anos escrevendo o roteiro, consultando-a durante todo o processo.
FONTE: O Globo | FOTO: Reprodução Internet