Em pouco mais de 700 tuítes até agora, o ministro Sergio Moro (Justiça e Segurança Pública) tem desenhado um perfil cada vez mais político para si. Desde abril, quando ingressou na rede social, Moro reduziu a frequência de postagens sobre ações de governo e aumentou a carga de elogios, críticas e posicionamentos sobre temas variados, desde a soltura do ex-presidente Lula até índices de criminalidade no país. A informação está no portal do jornal O Globo.
Análise do Globo a partir das publicações de Moro no Twitter aponta que o ministro usou a rede social de forma mais opinativa nos últimos meses. Em dezembro, por exemplo, a conta do ministro somou 25 tuítes em que predominaram opiniões, por exemplo, sobre o decreto do indulto natalino, a sanção à figura do juiz de garantias e a escolha do próprio Moro como uma das personalidades da década por um jornal britânico. Já no mês de estreia na rede social foram apenas 14 postagens com esse perfil, a maioria rebatendo críticas ao pacote anticrime.
Enquanto Moro fez quase 100 publicações em abril destinadas a divulgar ou explicar ações de governo, a incidência desse perfil caiu para 36 tuítes em novembro, mês que antecedeu a aprovação do pacote anticrime no Congresso. Ao criar sua conta no Twitter, Moro disse que usaria a rede social para “divulgar os projetos e propostas” do Ministério da Justiça, além de “explicar o projeto anticrime”.
Procurada pelo Globo, a assessoria de Moro afirmou que “o ministro cuida pessoalmente da conta do Twitter e, eventualmente, discute o conteúdo com secretários e assessores”.
Moro fez acenos recorrentes a Bolsonaro, citado em quase 10% dos tuítes analisados. Ele saiu em defesa do presidente em mais de um episódio, como na ocasião em que Bolsonaro chamou governadores nordestinos de “paraíbas”, em junho, e nas suspeitas de caixa dois na campanha presidencial, em outubro. Em dezembro, porém, sem citar o presidente, o ministro criticou a inclusão do juiz de garantias no pacote anticrime, sancionado por Bolsonaro.
Para a socióloga Esther Solano, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Moro procura reforçar sua adesão ao governo Bolsonaro e consolidar seus índices de popularidade por meio do Twitter.
Levantamento do Datafolha divulgado na última semana mostra que Moro tem a confiança de 33% do eleitorado, índice superior ao de figuras como Bolsonaro e o ex-presidente Lula.
Para Esther, Moro se aproximou da cartilha bolsonarista ao alfinetar adversários políticos em comum. Após a soltura de Lula, condenado em primeira instância pelo próprio Moro, o ministro afirmou, sem citar o ex-presidente, que não responderia “criminosos, presos ou soltos”, e concluiu que “algumas pessoas só merecem ser ignoradas”.
FONTE: O Globo | Foto: Reprodução Internet