O principal advogado do ex-presidente executivo da aliança Renault-Nissan Carlos Ghosn disse nesta terça-feira (31) ter ficado perplexo com a notícia de que seu cliente fugiu para Líbano do Japão, onde estava em prisão domiciliar por suposta apropriação indébita financeira. A informação está no portal da Folha de S. Paulo.

“Fomos pegos completamente de surpresa. Estou chocado”, disse Junichiro Hironaka a repórteres, acrescentando que ele não tinha contato com Ghosn e que soube pela televisão que seu cliente havia fugido do Japão.

Ghosn chegou no aeroporto internacional Rafic al Hariri entre a noite do domingo (29) e segunda-feira (30) em um jato particular. O ex-chefe da Renualt-Nissan estava sob prisão domiciliar no Japão, onde deveria ser julgado em 2020 por má conduta financeira.

Segundo o jornal libanês al-Jumhuriya, que publicou a informação, Ghosn, com nacionalidades francesa, libanesa e brasileira, chegou a Beirute em um avião procedente da Turquia.

Por ter nacionalidade libanesa, o ex-chefe da Nissan tem proteções legais no país contra a possibilidade de extradição.

Segundo a rede pública de televisão NHK, “a agência de imigração indiciou que não tem registro algum de Ghson saindo do país”.

Além disso, seus três passaportes oficiais estão em mãos de seus advogados japoneses como uma das garantias que deveriam ser respeitadas para sua fiança.

Nesta terça-feira, o advogado Hironaka explicou que ainda tem esses documentos em sua posse, sugerindo que Ghosn fugiu com outro documento ou escapou dos controles do país.

Segundo Hironaka, a fiança provavelmente será anulada e o dinheiro pago (US$ 13,5 milhões ou R$ 54,2 milhõies) retido pela justiça.

Na ausência de um tratado de extradição entre Beirute e Tóquio, porém, é improvável que Ghosn seja devolvido ao Japão.

De qualquer forma, será difícil impor as acusações no exterior, disse o ex-promotor e agora advogado Nobuo Gohara, fora do processo, mas que analisa os elementos do caso desde o início.

“Uma coisa é certa. Para os promotores, é uma situação extremamente séria. A Nissan deve ter medo. Os promotores também”, estima Gohara.

Segundo o advogado, no Japão, um julgamento que não tem a presença do acusado não é uma opção. Para ele, essa fuga é também reflexo de um sistema judicial que deixa pouca esperança de avançar.

Ghosn e sua família protestaram desde o início contra os métodos japoneses, assim como seus defensores franceses.

Críticas de parlamentares surgiram nas redes sociais, como a de Masahisa Sato, do PLD (Partido Liberal Democrático), chamando de “problemático para um país permitir uma saída ilegal”.

FONTE: Folha de S. Paulo | Foto: Reprodução Internet

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