O ex-engenheiro do Uber Anthony Levandowski foi preso e acusado, nesta terça-feira, de vender segredos de tecnologia de carros sem motorista (autônomos) do Google para a empresa de transporte de passageiros. Os segredos teriam vindo da unidade de veículos autônomos do Google, a Waymo. A informação está no portal do jornal O Globo.
O indiciamento de Levandowski, com 33 acusações, anunciado por agentes federais em San José, California, acrescenta num novo capítulo criminal numa das mais renhidas batalhas jurídicas do Vale do Silício. Mesmo depois que Google e Uber fizeram um acordo em meio a um julgamento do caso no ano passado, sobraram perguntas sem respostas sobre o papel do engenheiro no centro da história.
— Todos temos o direito de trocar de emprego. Mas não temos o direito de encher nossos bolsos (com segredos) quando saímos do antigo emprego. Roubo não é inovação — disse o promotor geral de São Francisco, David Anderson, em entrevista coletiva.
Levandowski, de 39 anos, entregou-se às autoridades e pode pegar uma pena de 10 anos de prisão se condenado.
Segundo o advogado do engenheiro, Miles Ehrlich, ele “não roubou nada de ninguém”. Em nota, Ehrlich disse que a acusação “reavivou alegações que já foram desacreditadas no caso cível que terminou em acordo mais de um ano e meio atrás”.
Especialistas jurídicos especulam há tempos sobre o que os promotores teriam descoberto depois que o juiz responsável pelo caso o encaminhou para novas investigações em 2017 e foram achadas provas e testemunhos muito embaraçoso para o Uber. E-mails e mensagens de texto revelaram uma forte conexão pessoal entre Levandowski e o então diretor executivo do Uber, Travis Kalanick.
No processo cível, a Waymo, do Google, alegou que o engenheiro, quando ainda trabalhava na empresa, bolou um plano com o Uber para roubar mais de 14 mil arquivos proprietários sobre a tecnologia dos carros autônomos, inclusive os designs que permitem aos veículos reconhecer as cercanias por onde trafegam.
Sob a liderança de Kalanick, comprou a Otto LLC (a companhia que Levandowski fundou dias antes de se demitir do Google em janeiro de 2016) por US$ 600 milhões em ações em agosto daquele ano.
FONTE: O Globo | Foto: Pixabay