Dados da ONU mostram que em 2050 o Brasil contará com mais de 68 milhões de pessoas acima dos 60 anos. No mundo, a população sênior, ou os “60 mais”, passará dos 2,1 bilhões.
Segundo o IBGE, esse público já representa quase 20% do consumo brasileiro, movimentando cerca de R$ 1,6 trilhão. Enquanto muitos se preocupam com os millenials, o mercado de pessoas maduras oferece um mar de oportunidades. A informação é do portal Pequenas Empresas & Grandes Negócios.
A pesquisa nomeada “Tsunami Prateado”, da Pipe.Social e Hype60+, obtida com exclusividade pela PEGN, traz um panorama dos brasileiros com mais de 60 anos. O mapeamento, feito com 2242 pessoas, apresenta hábitos comportamentais e de consumo, além de trazer tendências do mercado sênior brasileiro.
Layla Vallias, cofundadora do Hype60+ e uma das coordenadoras da pesquisa, afirma que os idosos de hoje têm estilo de vida e hábitos de consumo que antes eram associados aos jovens. “Namoram online, têm vida sexual ativa, trabalham e continuam buscando aprimoramento intelectual”, diz em nota. Livia Hollerbach, do Pipe.Social e coordenadora da pesquisa, entende que o conceito social do idoso precisa ser revisto. “Há uma surpresa positiva que vem do ineditismo desse aumento na expectativa de vida”, afirma.
No país, 86% dos brasileiros com mais de 55 anos têm renda própria; entre os com 75 anos ou mais, esse índice é de 93%. Das pessoas que participaram da pesquisa, 21% são autônomos e 8% empresários – número que deve aumentar nos próximos anos, visto que 25% desejam empreender no futuro.
Oportunidades
De acordo com a pesquisa, a nova geração tem trabalhado para “ressignificar a velhice”. “Não somente as estatísticas têm sido desmentidas, como os estereótipos estão sendo quebrados por essa geração”, diz Layla. Não por acaso, empreendedores têm se atentado a nova tendência de mercado.
Segundo a pesquisa, negócios surgem como oportunidades dentro do mercado “60 mais”. Com mais tempo e liberdade para consumir, esse público tem criado novas demandas de produtos e serviços, em setores que vão muito além de saúde, seguros e cuidados.
A pesquisa aponta que setores como alimentação, vaidade e até tecnologia estão despontando entre pessoas mais velhas. Na questão da vaidade, por exemplo, a rotina da beleza aparece com constância nas respostas dos participantes; entre os produtos, cremes, cuidado unhas e perfumes estão entre os preferidos.
Em relação à alimentação, os participantes da pesquisa se mostraram a favor de práticas mais saudáveis e exercícios físicos são entendidos como essencial para manter o corpo em bom funcionamento. O maior desejo, segundo a pesquisa, é “manter o vigor físico e mental” – 62% dos brasileiros com mais de 55 anos se identificam com a frase “minha saúde mental e física está bem”.
No campo da tecnologia, o retrato da penetração das ferramentas digitais é relevante. Apenas 10% declaram não estar em nenhuma rede social. O WhatsApp é o aplicativo de maior importância entre os participantes – novamente, somente 10% não usam. Para os “prateados”, as novas tecnologias são “janelas para o mundo”.
E as oportunidades não param por aí. A pesquisa mostrou que faltam marcas que se aproximem deste universo. Como resposta, é um público pouco fiel às empresas ou produtos. A cada 10 consumidores acima de 55 anos, quatro reclamam da falta de produtos e serviços voltados para idosos; as mulheres são as que mais se reclamam (43%). Um dos erros mais comuns é a aposta em clichês: roupas de cores neutras e linguagem pastel.
“Envelhecer é uma novidade É necessário mudar o mindset e dar luz às pessoas que passaram dos 60 anos. São elas que vão nos ensinar sobre os hábitos, desejos e o mercado emergente”, afirma Mariana Fonseca, futuróloga e cofundadora da Pipe.Social e uma das coordenadoras do Projeto Tsunami60+.