Autorizações de importação passaram de 8.522 em 2019 para 33.793 até o último dia 11, segundo Anvisa
A importação de produtos à base de Cannabis medicinal que já vinha numa escalada desde 2015 explodiu durante a pandemia de Covid-19, segundo dados inéditos da Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária). A informação é da Folha Online e pode ser lida na íntegra aqui.
O número de autorizações de importação desses produtos passou de 8.522 em 2019, pulou para 19.120 em 2020 e chegou a 33.793 até o último dia 11 de novembro.
O crescimento do mercado vem acompanhado também do aumento da demanda pelos idosos. Em quatro anos, quase quadruplicou a participação das pessoas acima de 65 anos nos pedidos de importação do CBD (Canabidiol, substância terapêutica derivada da Cannabis, sem efeito psicoativo)
Em 2015, o público respondia por 6,8% do total das autorizações da Anvisa. Em 2019, essa fatia saltou para 23,6%.
Crianças até dez anos, que antes representam 50% dessas autorizações, agora respondem por 21%. O restante está distribuído nas demais faixas etárias.
Os dados são BRCANN, associação das indústrias de canabinoides com base em dados da Anvisa, obtidos via Lei de Acesso à Informação.
Desde dezembro de 2019, sete produtos já foram aprovados pela Anvisa para a comercialização em farmácias e drogarias sob prescrição médica, mas a estimativa do setor é que grande parte dos pacientes ainda busque os produtos importados.
Segundo médicos prescritores, durante a pandemia houve aumento dos casos de ansiedade, depressão e dor crônica, e a procura pela Cannabis medicinal para esses fins cresceu muito entre o público adulto.
Ao mesmo tempo que o mercado de Cannabis medicinal cresce, a judicialização no SUS por esses produtos também está em alta. Em estados como Paraná e o Rio Grande do Sul, eles já aparecem entre os mais demandados.
Em São Paulo, levantamento da Secretaria de Estado da Saúde mostra que até meados de novembro foram 154 ações judiciais determinando que o governo paulista ofereça esses produtos. Em 2019, foram 122 demandas e, no ano passado todo, 158. Por ano, a média de gastos públicos foi de R$ 4 milhões.
A maioria dessas ações pede tratamentos para epilepsia, autismo infantil, transtornos globais do desenvolvimento, paralisia cerebral, doença de Parkinson, Alzheimer, esclerose múltipla, depressão grave, artrites reumatoides, enxaqueca, entre outras.
FONTE: Folha Online | FOTO: Getty Images