As perdas mais intensas ficaram concentradas nas faixas intermediárias, com destaque para a média-alta, que acumulou -12,6% no ano como um todo

O Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial publicou nesta terça, 16/3, uma análise sobre o desempenho da indústria brasileira no ano de 2020 a partir do viés das diferentes faixas de intensidade tecnológica. A informação é do Convergência Digital.

“A primeira constatação do IEDI é que nenhuma destas faixas conseguiu crescer em 2020. Ou seja, o impacto negativo da pandemia foi generalizado, embora alguns casos tenham sido piores do que outros”, aponta o estudo.

O recorte do IEDI adotou a metodologia empregada pela OCDE: alta, média-alta, média e média-baixa intensidade tecnológica, lembrando que a indústria de transformação não possui ramos de baixa tecnologia.

As perdas mais intensas ficaram concentradas nas faixas intermediárias, com destaque para a média-alta, que acumulou -12,6% no ano como um todo, devido principalmente à produção de veículos e autopeças (-28,1%). O resultado da média-alta foi muito parecido com o de 2015 (-15,8%), o que faz com que em um intervalo de apenas cinco anos este grupo tenha sofrido duas crises extremamente agudas.

A indústria de média intensidade tecnológica apresentou o segundo pior resultado: -5,8%, sendo que já havia recuado -2,4% em 2019. Contou muito para isso o desempenho do ramo de metalurgia (-7,3%), mas também de minerais não metálicos (-2,3%) e borracha e plástico (-2,5%).

Também no vermelho, mas em uma intensidade inferior ao total da indústria de transformação ficou o grupo da alta tecnologia, que registrou -3,4% em 2020 como um todo. Neste caso, a expansão de +2% da indústria farmacêutica, em função da natureza sanitária da crise, contribuiu para amortecer a queda do grupo.

Ressalta ainda o IEDI que as medidas de isolamento social ajudaram o ramo de eletrônicos (TV, som etc.), que cresceu 1,3%. No entanto, o complexo eletrônico como um todo recuou 1,6%, com contribuição significativa da queda de 6,6% em material de informática.

Por fim, a indústria de média-baixa intensidade tecnológica conseguiu se manter estável, variando apenas -0,1% no ano. Neste caso, produção de bens essenciais e o recurso à exportação foram atenuantes importantes da crise. Mesmo assim, entre seus ramos houve forte assimetria, com alimentos e bebidas crescendo +3,6% e vestuário e calçados retraindo -17,4%, por exemplo.

FONTE: Conergência Digital | FOTO: Imagem de Michael Schwarzenberger por Pixabay