
Levantamento feito pela Confederação Nacional da Indústria mostra que, em meio à pandemia, startups estão trazendo soluções para indústrias
Em meio à pandemia algumas startups têm surgido com soluções tecnológicas para permitir o trabalho em indústrias já consolidadas, mas que são afetadas pelo isolamento. É o que aponta um levantamento feito pela CNI (Confederação Nacional da Indústria) em parceria com a Sosa, empresa global de inovação aberta. A informação é da Folha de S. Paulo.
O documento tem o objetivo de incentivar a adoção da inovação aberta nas empresas brasileiras —ou seja, o estabelecimento de parcerias para o desenvolvimento de tecnologias que possam resolver os problemas dos grandes negócios.
Entre as tecnologias identificadas pelo novo relatório, estão sistemas que podem detectar sintomas de Covid-19 entre funcionários, que fomentam o uso correto de EPIs (equipamentos de proteção individual) ou que facilitam a produção de forma remota. O documento ainda elenca 50 startups que podem fornecer esses tipos de serviço.
Segundo o texto, as startups citadas foram selecionadas com base na sua atividade de financiamento, na qualidade dos seus investidores e na sua fase de captação.
Um exemplo de startup focada em tecnologia de combate ao coronavírus no ambiente de trabalho é a novaiorquina RapidMask2Go, que oferece máquinas de vendas de EPIs para serem instaladas em escritórios. Outra é a insraelense Soapy, que produz microestações de higiene para lavagem das mãos.
Na área de alerta precoce na detecção de sintomas da doença, a pesquisa cita, entre outras, a Soter Technologies, que desenvolve sensores capazes de detectar funcionários ou visitantes doentes quando fazem entregas, marcam o ponto ou se deslocam de uma área para outra. Isso é feito a partir da medição de sinais vitais, como temperatura, nível de oxigênio no sangue, frequência cardíaca e respiração.
Outras startups buscadas utilizam inteligência artificial para ajudar o setor industrial a aplicar medidas de distanciamento social, gerir remotamente a manutenção e a limpeza de edifícios e garantir a produtividade.
É o caso da Bright Machines, que oferece robôs configuráveis com software inteligente para automatizar operações de montagem e inspeção. Durante a pandemia, a empresa está oferece automação sem custo por até um ano para a fabricação de dispositivos essenciais para tratamentos médicos.
Segundo Gianna Sagazio, diretora de inovação da CNI, o isolamento acelerou a necessidade de adoção dessas tecnologias, seja para viabilizar o trabalho remoto, ou para garantir a segurança e a saúde de funcionários. Mas o Brasil ainda pode avançar nessas áreas.
“Há uma tendência cada vez maior de investimento de capital de risco por parte de empresas e com participação de empresas”, diz ela. “Entendemos que esse é o principal vetor de desenvolvimento dos países, mas o Brasil ainda precisa avançar muito.”
Uma pesquisa feita anteriormente também pela CNI com a Sosa constatou que 78% das indústrias no país não praticam inovação e 88% nunca trabalharam com startups. Por outro lado, 67% das empresas consultadas afirmaram ter interesse em participar de um programa de inovação aberta.
A confederação cita como exemplo a Natura, que tem 90% de seus projetos de tecnologia realizados em parceria com empresas externas, incluindo para o desenvolvimento de novos ingredientes, materiais de embalagem e processos mais verdes para a produção de cosméticos.
“Inovação aberta é a forma para que empresas tenham grandes desafios tecnológicos resolvidos muito rapidamente”, explica Sagazio. “As empresas têm a oportunidade de trabalhar em colaboração com startups para superar desafios e inovar em um ritmo mais acelerado, especialmente em setores mais afetados pela Covid-19.”
FONTE: Folha de S. Paulo | FOTO: Pixabay