
O ex-presidente da Nissan e da Renault, Carlos Ghosn, preso na capital japonesa por acusações de má conduta financeira, contratou para sua defesa o advogado Junichiro Hironaka, de 73 anos, conhecido no país pelo apelido de “A Navalha” pela sua capacidade de obter absolvições em casos célebres. A informação, do New York Times, foi publicada no site do jornal O Globo.
“Eu estou ansioso para me defender vigorosamente”, disse Ghosn em comunicado sobre a contratação de Hironaka, “e esta medida representa o início de um processo que não apenas vai estabelecer minha inocência, mas também jogará luz sobre as circunstâncias que levaram à minha injusta detenção”.
Na quarta-feira (13), mesmo dia em que anunciou o novo defensor, os dois advogados que até então cuidavam da defesa de Ghosn, Motonari Otsuru e Masato Oshikubo, anunciaram sua demissão. O executivo brasileiro agradeceu a ambos por seu “trabalho diligente e incansável”.
Hironaka, diz a reportagem, é mais uma peça num escândalo multinacional que reúne intrigas e alegações de traição e conspiração na liderança das duas grandes montadoras. Acusado de sub-reportar os valores de seus ganhos às autoridades japonesas, Ghosn está preso em Tóquio desde novembro, ainda não foi julgado, e teve a fiança negada por duas vezes. Em entrevistas, alegou haver “um complô” contra ele no caso, devido a sua intenção de integrar mais a japonesa Nissan com a francesa Renault.
Hironaka já defendeu outros clientes em casos famosos, como Kazuyoshi Miura, acusado de mandar matar a esposa durante uma viagem a Los Angeles em 1981 — um caso que foi notícia no Japão durante anos. Miura foi condenado em 1994, mas o veredicto foi anulado. Anos depois, em 2008, ele se enforcou numa cela em Los Angeles, onde estava preso por outras acusações
Outro réu representado por Hironaka foi Takeshi Abe, especialista em hemofilia que dirigiu uma comissão do governo japonês sobre a Aids nos anos 80. Abe foi preso em 1994 sob a acusação de ter contaminado 1.800 hemofílicos com o vírus da Aids ao usar coagulantes infectados. Foi absolvido e morreu em 2005 antes de uma apelação do veredicto.
FONTE: site O Globo | Foto: Reprodução Internet