Uma revista de casamento australiana fechou as portas depois de se recusar a retratar uniões entre pessoas do mesmo sexo.
Os fundadores da “White Magazine”, Lucas e Carla Burrell, afirmaram que vinham enfrentando pressões de ativistas para serem mais inclusivos depois que o Parlamento da Austrália aprovou a legalização do casamento gay em dezembro de 2017. A informação é do site do jornal O Globo
Uma vez que a revista ignorou esses pedidos, os anunciantes começaram a cortar os laços com a publicação, tornando-a “não mais economicamente viável” e forçando-a a fechar, escreveu o casal em um post do blog da revista.
“A ‘White Magazine’ sempre foi uma publicação secular, mas, como editores, somos cristãos. Não temos outra agenda a não ser amar. Não temos o desejo de criar uma guerra social, política ou legal, que só separa mais as pessoas e causa mais danos do que benefícios”, escreveram eles.
Os fundadores alegaram que foram alvo de abusos on-line por não apresentarem casais do mesmo sexo nas páginas da revista.
“Recentemente, experimentamos uma inundação de julgamento. Sabemos que grande parte disso está atrelada ao simples fato de administrar uma revista pública. Mas nós também somos apenas dois seres humanos às voltas com essas grandes questões, como qualquer outra pessoa, e não temos todas as respostas”, disse o casal.
As críticas em massa levaram os anunciantes a retirarem seu apoio ao título, deixando a revista sem os fundos de que precisa para continuar funcionando.
Além disso, profissionais da indústria do casamento começaram a boicotar a publicação no início deste ano, depois que a ex-colaboradora Lara Hotz, que já fotografou três capas para a revista, repreendeu os donos publicamente por não incluírem casais do mesmo sexo em suas reportagens.
“Parece que eles [os donos] não têm problema nenhum em receber dinheiro e conteúdo de pessoas que são membros da comunidade LGBTI+, mas se negam a nos apoiar e nos representar em suas páginas da mesma forma como representa casais heterossexuais”, disse Lara ao programa de rádio Hack, acrescentando que ela se sentia “extremamente magoada” com essa postura.
A fotógrafa Lara Hotz acrescentou que não queria forçar a “White Magazine” a incluir casais LGBTI+, mas queria responsabilizar os fundadores por suas crenças.
A declaração de despedida da revista, publicada em um blog na última sexta-feira, despertou reações mistas em redes sociais. Algumas pessoas rotularam os fundadores de “homofóbicos”, enquanto outras argumentaram que o fechamento da revista foi um sinal de que a liberdade de expressão que está sendo censurada.
“Infelizmente, hoje, se você tiver fé e não concordar com o casamento entre pessoas do mesmo sexo, não poderá administrar seu próprio negócio da maneira como quiser”, disse uma internauta.
Mas a maioria dos comentários questionou o que foi dito na declaração em si.
“‘Não temos agenda a não ser amar’ — que monte de besteira. Se você quer apenas amar, então você alegremente e publicamente reconhecerá o amor em todas as suas formas”, escreveu uma pessoa.
Outro acrescentou: “Não me parece que sua agenda é apenas amar. Parece que sua agenda é apenas amar pessoas heterossexuais”.
FONTE: O Globo