A Pesquisa Anual de Serviços mostra que o número de empresas do setor caiu 1,1% no primeiro ano da pandemia de Covid-19

A Pesquisa Anual de Serviços (PAS) 2020 divulgada nesta quarta-feira (24/8) pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) aponta que o setor de serviços sofreu diversas perdas no ano de 2020.

Ao todo, o setor contou com 1.368.885 empresas, o que representa uma queda de 1,1% na comparação com 2019. A quantidade de postos de trabalho caiu 313 mil (2,4%).

Nesse mesmo período, o segmento de serviços prestados às famílias teve queda de 14,3%.

O setor empregava um total de 12,5 milhões de pessoas, totalizando gastos de R$ 373,5 bilhões em salários, retiradas e remunerações.

Serviços prestados
Os serviços profissionais, administrativos e complementares (504,5 mil empresas), além dos serviços prestados principalmente às famílias (357,8 mil), foram os segmentos com maior número de empresas, correspondendo a 63,0% das companhias prestadoras de serviços não financeiros em 2020.

Até 2011, esse era o terceiro maior segmento, mas, em 2012, ganhou a segunda posição e, em 2020, ultrapassou o segmento de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio, tornando-se o líder.

Em 2020, o isolamento social ocasionado pela pandemia da Covid-19 gerou consequências no emprego, no desenvolvimento das empresas e nos serviços presenciais. O PIB do setor de serviços recuou 4,3% em 2020. No ano anterior, o produto interno bruto já havia caído 3,9%.

Em 2020, o setor de serviços gerou R$ 1,8 trilhão de receita operacional líquida. Entre 2019 e 2020, os maiores aumentos em participação na receita dos serviços foram os profissionais, administrativos e complementares (1,7 p.p.).

Por outro lado, as maiores quedas foram de serviços prestados às famílias (2,6 p.p.), além de transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (1,0 p.p.).

Ocupações
Em 2020, o setor de serviços empregava 12,5 milhões de pessoas. O segmento dos serviços profissionais, administrativos e complementares liderava o ranking da ocupação, com 5,5 milhões de pessoas ocupadas.

“As atividades que dependiam de atendimento presencial foram as mais afetadas pela pandemia, que aumentou a queda na ocupação iniciada a partir da crise de 2014. Com exceção de serviços profissionais, administrativos e complementares; atividades imobiliárias; e outras atividades de serviços, os outros segmentos tiveram queda na ocupação”, disse o analista da pesquisa, Marcelo Miranda, à Agência IBGE Notícias.

O setor mais afetado foi o de serviços prestados principalmente às famílias com queda de 16,4%, ou seja, menos de 467,9 mil ocupações.

Dentro desse segmento, a influência negativa mais intensa veio dos serviços de alimentação: -18,7% ou menos 329,2 mil pessoas ocupadas. Agências de viagens, operadores de turismo e outras atividades de turismo também tiveram uma queda acentuada (-28,4%).

Entre as maiores altas, destaca-se a seleção, agenciamento e locação de mão de obra, em razão de muitas empresas terem optado pela terceirização durante a pandemia. “Foi o maior aumento de pessoas, em número absoluto (143,1 mil) e em percentual (22,2%)”, analisa Miranda.

Salário médio
O salário médio mensal recuou, passando de 2,5 salários mínimos (s.m.), em 2011, para 2,2 s.m. em 2020. Serviços de informação e comunicação (4,5 s.m.) continuou com a maior remuneração em salários médios, mas foi o que teve a maior redução (1,0 s.m.). Esse resultado foi influenciado pela atividade de telecomunicações que reduziu 2,1 s.m. em 10 anos.

Outras atividades de serviços (3,4 s.m.) e transportes, serviços auxiliares aos transportes e correio (2,6 s.m.) também continuaram a pagar, em 2020, salários acima da média do setor. Serviços prestados principalmente às famílias tiveram a média salarial mais baixa (1,4 s.m.).

Regiões do país
Entre 2011 e 2020, três das cinco grandes regiões perderam participação em receita. O Sudeste, que concentrou a maior parcela da receita bruta, perdeu 0,7 pontos percentuais (p.p.), passando de 66,1% para 65,4%; enquanto o Nordeste caiu de 10,2% para 9,5%; e o Norte, de 2,8% para 2,6%.

Apenas o Sul (14,1% para 15,0%) e Centro-Oeste (6,8% para 7,4%) cresceram em participação, apresentando ganhos de 0,9 p.p. e 0,6 p.p. em dez anos.

Todas as regiões tiveram quedas nos salários, com Sudeste, Norte e Centro-Oeste apresentando as maiores perdas: 0,3 s.m. Já as regiões Sul e Nordeste perderam 0,2 s.m.

FONTE: Metrópoles | FOTO: EBC