Desgastado com caso Telegram, procurador tinha deixado os trabalhos da operação em 2020

O procurador Deltan Dallagnol, ex-chefe da força-tarefa da Operação Lava Jato, vai deixar o Ministério Público Federal. Em vídeo publicado nas redes sociais nesta quinta-feira (4), Deltan confirmou a decisão dizendo que tem várias ideias para seu futuro e defendendo o “voto consciente”.

“Posso fazer mais pelo país fora do Ministério Público”, disse ele, sem detalhar se entrará na política, como o ex-juiz Sergio Moro. Deltan, 41, foi o principal porta-voz do Ministério Público Federal na operação deflagrada em 2014. Estava na instituição fazia 18 anos.

Ele ingressou na operação logo em suas primeiras fases, quando o então procurador-geral Rodrigo Janot decidiu formar uma força-tarefa para se dedicar exclusivamente ao caso, diante das dimensões das descobertas em andamento. Na época, havia acabado de concluir um mestrado na Universidade Harvard. Reuniu a seu lado uma mescla de colegas experientes, como Carlos Fernando dos Santos Lima, com jovens, como Roberson Pozzobon, incluindo vários convocados de outros estados.

No auge da operação, em 2016, o chefe da força-tarefa ficou marcado pela apresentação de um PowerPoint contra o ex-presidente Lula, no qual listava fatores que indicavam que o petista havia chefiado o esquema de corrupção na Petrobras.

Com o ritmo intenso de revelações e a prisão de grandes empresários e líderes políticos em decorrência das investigações deflagradas no Paraná, Deltan foi alçado à condição de um dos símbolos da operação, com homenagens em manifestações de rua.

Em 2020, desgastado pela divulgação de conversas que manteve no aplicativo Telegram, o procurador pediu desligamento dos trabalhos da operação, citando motivos familiares.

No vídeo divulgado nesta quinta, disse que os instrumentos de trabalho do Ministério Público têm sido “enfraquecidos, destruídos”.

FONTE: Folha Online | FOTO: Fernando Frazão/Agência Brasil)