Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Bolsonaro, foi chamada por ligação com o lobista Marconny Faria

Por sugestão do senador Alessandro Vieira (Cidadania – SE), a CPI da Pandemia aprovou a convocação de Ana Cristina Valle, ex-mulher do presidente Bolsonaro, por ligação com o lobista Marconny Faria.

Em depoimento, ele responsabilizou a empresa Precisa Medicamentos por tentativa de fraude no Ministério da Saúde e confirmou amizade com Jair Renan Bolsonaro e Karina Kufa, advogada da família.

Ao ironizar a “influência” de Marconny, o senador Marcos Rogério (DEM-RO) destacou que o contrato não foi fechado. O relator, Renan Calheiros (MDB-AL) incluiu o lobista na lista de investigados.

CPI: suposto lobista atuou para fraude em licitação, dizem senadores

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Pandemia ouviu nesta quarta-feira (15), o bacharel em direito Marconny Albernaz de Faria, suspeito de ter atuado como lobista da Precisa Medicamentos. A empresa é a mesma que atuou na venda da vacina indiana Coxavin para o Ministério da Saúde. O contrato, para aquisição de 20 milhões de doses da Covaxin por R$ 1,6 bilhão, foi cancelado pelo Ministério da Saúde após denúncias de irregularidades na documentação trazidas pela CPI. Segundo integrantes da comissão, o nome do depoente aparece em uma troca de mensagens que cria a “arquitetura da fraude” para a licitação destinada à compra de testes de covid-19 superfaturados também intermediada pela Precisa.

Em sua fala inicial, o bacharel negou que seja lobista e que tenha tido qualquer atuação nessa posição junto à Precisa Medicamentos.Marconny ressaltou que se sentia “muito constrangido” em ter sua “vida íntima exposta” na CPI. “Se eu fosse um lobista, eu seria um péssimo lobista. Jamais fui capaz de transformar minhas relações sociais em contratos com resultados milionários”, afirmou.

O depoente disse à CPI que, em 2020, teve contato por 30 dias com a Precisa. As conversas, segundo ele, se deram via WhatsApp e trataram de sondagens que a Precisa fez para ele assessorar politicamente a empresa em tratativas de vendas de testes rápido da covid-19 para o Ministério da Saúde.

“Nunca me envolvi em compra de vacina. No início da pandemia fui sondado para assessorar tecnicamente a Precisa. Tinha como objetivo a aquisição de testes rápidos para a detecção da covid-19. Como a concorrência já estava em andamento, não participei da análise do edital, apresentação da proposta. Houve uma mudança na diretriz do Ministério da Saúde que optou pela testagem por outros meios, e a aquisição foi cancelada pelo próprio Ministério. Não houve tratativas, pagamentos de valores, vantagem a mim ou qualquer outra pessoa”, garantiu Marconny. Ele acrescentou que “tudo não passou de conversa de whatsapp, que durou aproximadamente 30 dias”.

Com Agência Senado e Agência Brasil | FOTO: Pedro França (Agência Senado)