Segundo pesquisadores, os insetos, que reduzem em cerca de 8% a produtividade das lavouras, podem ser combatidos através da união entre o campo e as inovações digitais.

Segundo dados da Organização das Nações Unidas para Alimentação e Agricultura (FAO), o Brasil é o terceiro país que mais usa pesticidas no mundo, atrás apenas da China e dos EUA. Segundo outro levantamento, realizado pela consultoria Phillips McDougall, o país é também o que mais gasta com agrotóxicos no mundo: US$ 10 bilhões por ano.

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Apesar de cumprirem o papel de evitar que doenças, insetos ou plantas daninhas prejudiquem as plantações, esses produtos químicos chamados de agrotóxicos contaminam os alimentos e o solo e estão amplamente associados a doenças como: arritmias cardíacas, lesões renais, câncer, alergias respiratórias, doença de Parkinson e mais.

Mas não usá-los pode significar um grande prejuízo ao bolso dos produtores. Segundo pesquisadores da Embrapa, os insetos provocam cerca de 8% da redução de produtividade da lavoura, gerando um prejuízo anual de US$ 15 bilhões.

“A cada ano, quase 5 milhões de toneladas de mais de 600 tipos diferentes de partículas químicas são aplicados nas lavouras no mundo todo, mas apenas 1% é eficaz”, afirmou Andrei Grespan, engenheiro agrônomo e diretor-executivo da Tarvos.

É nesse cenário que as tecnologias invadem o campo para trazer novas possibilidades sustentáveis (e lucrativas) ao produtor rural.

A inteligência artificial (IA) invade o campo
Na busca por um desenvolvimento sustentável, a pesquisa e a implementação de diferentes tecnologias no campo têm aberto as portas para soluções cada vez mais inovadoras. Desde a análise do solo, até o manejo do grão, a ordenha dos animais e o controle de pragas, as inovações digitais podem atuar para melhorar processos e armazenar dados úteis para a gestão no campo.

Entre as tecnologias disponíveis, a inteligência artificial (IA) tem se mostrado promissora quando o assunto é captar dados sensíveis de forma eficaz. Ela pode, por exemplo, captar os sons emitidos pelo gado, detectar doenças nos animais, reduzir o risco da perda de oferta dos alimentos e mais. Por meio de análises preditivas, os produtores e gestores rurais conseguem proporcionar maior bem-estar às espécies, além de uma maior previsibilidade de produção.

No âmbito do controle de pragas, mais uma inovação traz benefícios para o produtor e, é claro, para o consumidor:

Controle de pragas eficiente e sustentável
Pensada para substituir as antigas armadilhas clássicas de pragas, que exigiam extensa mão de obra a altos custos, a armadilha inteligente atrai os insetos com feromônios e conta com uma câmera que faz o registro das pragas capturadas e transmite os dados via satélite.

Através do reconhecimento de imagem ela também permite que o produtor monitore as pragas em tempo real e on-line, medindo a quantidade de insetos de forma simultânea, agilizando o processo de combate às pragas.

Por meio de um relatório no WhatsApp, os produtores têm acesso a dados como: quais plantas estão mais suscetíveis a pragas, qual parte da plantação está sofrendo mais com insetos e como usar os insumos químicos (como agrotóxicos) da maneira mais otimizada possível – na região certa, no período certo etc.

Dessa forma, economizando recursos e expandindo suas margens de lucro de forma sustentável para o meio ambiente.

Não basta ter tecnologia, é preciso saber usá-la
Apesar de serem inúmeras, as inovações digitais desenvolvidas para resolver as demandas do campo exigem que o produtor, primeiramente, as conheça e, segundamente, saiba como implementá-las da melhor maneira.

“O campo está cada vez mais tecnificado. Hoje, o produtor rural não pode mais se dar ao luxo de entender apenas de sua cadeia produtiva, seja qual for. Ele tem que entender pelo menos os conceitos básicos da Agricultura Digital. Drones, máquinas agrícolas com tecnologia embarcada e softwares que otimizam a produção são uma realidade.”, explica o presidente do Sistema FAEP/SENAR-PR, Ágide Meneguette.

FONTE: Exame | FOTO: Getty Images