Ministro participa de palestra para estudantes em Salvador e critica questionamentos ao resultado das eleições

O ministro do STF (Supremo Tribunal Federal) Luís Roberto Barroso afirmou nesta sexta-feira (25) que o resultado das eleições de outubro representa a vontade da maioria do eleitorado e deve ser respeitado.

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Em uma palestra para estudantes na sede do Tribunal Regional Eleitoral da Bahia, em Salvador, ele rebateu críticas ao STF, afirmou que a corte não tem lado e destacou que questionamentos ao resultado das eleições são antidemocráticos.

“Eles têm repetido que Supremo é o povo. E é isso mesmo. Soberania popular significa a supremacia da vontade do povo, que se manifesta nas eleições. […] O resultado tem que ser respeitado. Não adianta apelar para quartéis e não adianta apelar para seres extraterrestres. Isso é antidemocrático”, afirmou.

Desde a derrota do presidente Jair Bolsonaro (PL) para Luiz Inácio Lula da Silva (PT) em 20 de outubro, manifestantes ergueram acampamentos na entrada de quartéis em várias cidades do país.

O resultado das eleições também está sendo questionado pelo PL, partido de Bolsonaro, que pediu a anulação dos votos de parte das urnas usadas no segundo turno. O TSE (Tribunal Superior Eleitoral) negou o pedido e aplicou uma multa de quase R$ 23 milhões ao partido.

Sem fazer referência direta ao pedido do PL, Barroso afirmou que questionar o resultado das urnas é uma atitude antidemocrática que “precisa sem empurrada para a margem da história”.

Na palestra, o ministro comentou o episódio no qual retrucou um manifestante em Nova York e disse “perdeu, mané. Não amola”. Ele afirmou que perdeu a paciência após passar três dias sendo atacado por manifestantes, aos quais classificou como selvagens.

“Só perdi a paciência depois de três dias. [Era] uma horda de selvagens andavam atrás de mim me xingando de todos os nomes”, disse o ministro, lembrado que naquele mesmo dia o telefone celular de sua filha foi invadido e ela foi alvo de ameaças.

Na sequência, ele afirmou que tem consideração pelos 58 milhões de eleitores que votaram em Bolsonaro, mas disse que os “humanos têm o direito de perder a paciência em algum momento da vida”.

O ministro disse ainda que é preciso combater “falsa crença” de que o Supremo tem um lado na política brasileira. Destacou que, ao longo dos últimos anos, a corte tomou decisões que desagradaram a todos os presidentes.

Também disse que nada justifica ou legitima ataques com agressividade de xingamentos à corte e aos seus ministros. E que quem age desta maneira tem “baixa civilidade”.

“A civilidade e a integridade vêm antes da ideologia. Nós não podemos naturalizar a barbárie ou à selvageria.”

FONTE: Folha Online | FOTO: EBC