Os cinemas brasileiros ainda sentem os efeitos da pandemia de covid-19

Os cinemas brasileiros ainda sentem os efeitos da pandemia de covid-19 em seus números e, para tentar reverter o cenário de salas vazias e recuperar os números de outrora, apostam em pacotes de benefícios e descontos especiais para tentar atrair de volta o público para suas estreias. Para isso, vale desde clube de vantagens até parcerias com serviços de streaming.

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E tudo isso por uma razão que todo mundo já percebeu ao ir ao cinema nos últimos meses: as sessões não estão mais tão cheias quanto eram antes da pandemia. De acordo com dados da Agência Nacional do Cinema (Ancine), os números do primeiro semestre de 2022 foram metade do que o setor registrou no mesmo período de 2019. Foram 88,3 milhões de ingressos vendidos naquele ano contra apenas 44,8 milhões entre janeiro e julho agora.

É claro que o cenário é bem diferente. Em 2019, Vingadores: Ultimato jogou esses números para o alto, da mesma forma que a crise financeira, o ainda presente medo da covid-19 e a própria mudança no comportamento do consumidor ajudam a explicar o desempenho ainda tímido do mercado cinematográfico brasileiro atual.

Estratégias variadas
Por isso mesmo, as grandes redes apostam em estratégias variadas para trazer esse pessoal de volta para as salas de cinema. O Cinemark, por exemplo, lançou um clube de benefícios que oferece desde ingressos grátis até descontos especiais, além da possibilidade de acumular pontos para trocar por outros produtos.

O chamado Cinemark Club funciona a partir de uma mensalidade — e é a forma encontrada pela empresa para reforçar o caixa nesse período de menor movimento. Por R$ 29,90 mensais, o assinante ganha dois ingressos para sessões 2D ao mês, além de desconto em produtos selecionados na bomboniere. O programa também conta com um programa de fidelidade por pontos.

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Já a Itaú Cinemas e a Kinoplex adotaram um sistema diferente para tentar reconquistar o cinéfilo que hoje prefere o streaming à telona. No caso das duas empresas, o modelo adotado é o do pacote de ingressos — ou seja, oferecendo uma quantidade de entradas antecipada para o consumidor por um preço menor do que aquele que ele iria pagar normalmente no guichê.

No caso do Itaú, é possível escolher por pacotes com oito ou 16 vale-ingressos válidos por 90 dias. Cada um deles sai por R$ 15, cerca de metade do preço que o cliente pagaria normalmente.

E embora siga um modelo semelhante, a alternativa encontrada pela Kinoplex foi um pouco mais radical e conta com uma parceria com a Amazon. Isso porque o seu chamado passaporte de ingressos oferece, além dos vales, três meses de assinatura do Amazon Music Unlimited. No fim, vale tudo para atrair o consumidor.

Iniciativa não é nova
Só que esse tipo de estratégia não é tão nova assim. Em um passado não tão distante, empresas como a PrimePass e MoviePass tentaram emplacar esse modelo de negócio no Brasil, mas não foram muito longe. A ideia era bem parecida: oferecer um serviço de assinatura para que os cinéfilos pudessem conferir as estreias sem precisar se preocupar com filas e coisas do tipo.

O MoviePass foi um dos pioneiros nesse sistema, mas que não deu muito certo. A ideia original era oferecer assinaturas que variavam entre US$ 10 e US$ 50 e prometia que o público poderia ver um filme por dia, se quisesse. A proposta foi muito bem vista por Wall Street, mas não se sustentou comercialmente. No início de 2020 — antes da pandemia, portanto —, ela declarou falência.

Por aqui, o PrimePass tentou seguir o mesmo modelo. Em seu lançamento, a plataforma oferecia 30 filmes por mês por R$ 69,90. Só que a bonança durou pouco e eles remodelaram o negócio. Atualmente, o serviço conta com diferentes planos. O mais básico deles custa R$ 19,90 por dois ingressos ao mês, enquanto outros oferecem também assinatura da HBO Max.

O efeito streaming
E é curioso notar essa proximidade dos serviços de assinatura de cinema com serviços de streaming porque esses serviços são, em parte, também responsáveis pela queda do número de pessoas indo conferir as estreias da semana.

Desde o início da pandemia, vimos empresas diminuindo a janela entre as estreias e a chegada de seus filmes ao streaming como forma de fortalecer esses serviços. Nos Estados Unidos, a Warner chegou a fazer lançamentos simultâneos ao longo de todo o ano de 2020, o que realmente deu muita força à HBO Max, mas foi uma decisão criticada por cineastas, atores e até executivos, que culparam a estratégia pel baixa bilheteria de alguns longas.

E nem mesmo a toda-poderosa Disney escapou desse novo cenário. A gigante mantém um intervalo de cerca de 45 dias entre a chegada de um novo filme e sua disponibilidade no Disney+. Assim, o que muita gente está preferindo fazer é esperar esse período de pouco mais de um mês para assistir ao longa no conforto de casa — um novo padrão de comportamento que vem afetando, sobretudo, as redes de cinema que dependem da ida desse pessoal para o cinema.

FONTE: Canaltech | FOTO: Reprodução