
Ministro é ouvido em uma audiência pública após ser convocado para explicar offshores em paraísos fiscais
O ministro da Economia, Paulo Guedes, declarou nesta terça-feira (23) a comissões na Câmara dos Deputados que seu patrimônio investido em offshores são recursos familiares, “100% legais” e “declarados à Receita todo ano”.
Guedes também negou que exista qualquer conflito de interesses entre o seu cargo e os rendimentos no exterior. “São os recursos da família, estão estacionados, uma parte esta investida em algo que meu braço não alcança e nenhuma atitude que eu tomo aqui tem efeito lá”, afirmou.
“Eu fiz um depósito lá fora, entre 2014 e 2015, e nunca mais houve remessas ao Brasil. Esse é um recurso que foi e é parte da sucessão familiar. Não tem saque, depósito, tira, põe, não tem nada disso. É 100% legal, declarado à Receita Federal e registrado e informado ao Banco Central todo ano”, afirmou Guedes.
O ministro é ouvido em uma audiência pública nas comissões de Trabalho, Administração e Serviço Público e Fiscalização Financeira e Controle da Câmara. Ele foi convocado para explicar movimentações financeiras no exterior por meio de offshore em paraíso fiscal, conforme revelado pela investigação chamada de “Pandora Papers” em outubro.
Guedes afirmou que a escolha de depositar seus investimentos em paraísos fiscais se deu após conversas com conselheiros a fim de preservar recursos da família.
“Se você comprar ações nos EUA, tiver a conta em nome da pessoa física e falecer, 47% é expropriado pelo governo americano. Então, o melhor é usar uma offshore, uma companhia fora do continente. ‘Se o senhor morrer, em vez de metade ir para o governo americano, vai para sua sucessão’”, disse o ministro, citando o conselho recebido.
O ministro ainda comparou as offshores a “uma faca”, que pode ser usada “para o mal, para matar alguém, ou pode usar para o bem, para descascar uma laranja”, disse. “Então, é um problema sucessório, como eu disse: você se protege se tiver qualquer investimento lá fora”, afirmou.
Após criticar as acusações de favorecimento pessoal por seu cargo de ministro como “narrativas políticas” e de “desrespeito aos fatos”, Guedes também negou acusações de que ele se beneficiava do aumento do câmbio no Brasil.
“Não houve nenhuma declaração da economia que fizesse [o dólar] subir 2%. Foi só politica ou doença [pandemia], os eventos mais contundentes”, disse.
“Todas as instancias pertinentes estão informadas do que acontece comigo, e sabem que não há conflito de interesses porque têm acesso a essas informações”, complementou Guedes em suas declarações iniciais.
FONTE: CNN Brasil | FOTO: Agência Brasil