Estudo da McKinsey para o IDV indica que vendas de informais deixaram de arrecadar até R$ 125 bi em tributos no ano passado
O varejo brasileiro deixou de pagar aos cofres públicos de R$ 95 bilhões a R$ 125 bilhões em 2020 devido a transações sem nota fiscal de empresas e vendedores individuais que atuam no setor, em especial em canais digitais. A estimativa consta de um estudo da consultoria global McKinsey, que foi produzido para o IDV (Instituto para o Desenvolvimento do Varejo) e divulgado nesta quarta-feira (10).
O estudo aponta ainda que a perda de arrecadação ocorre principalmente nos segmentos de vestuários e calçados, seguidos de alimentos e bebidas, farmácia e varejo de beleza e eletrônicos e celulares.
Considerando a evasão tributária circulante no varejo, mas que não foi originada nele, a estimativa é que R$ 176 bilhões a R$ 225 bilhões deixaram de ser arrecadados no Brasil no ano passado, o que representaria cinco vezes o orçamento anual de investimentos da União em infraestrutura.
O efeito da pandemia sobre o mercado de trabalho acentuou o problema. Trabalhadores informais, que não têm registro de nenhuma empresa, passaram a comercializar produtos sem nota fiscal, ou seja, sem recolher impostos inerentes à atividade varejista.
O trabalho informal no Brasil tem crescido e já representa 42% da força de trabalho, 20 pontos percentuais acima da média dos países que fazem parte da OCDE (Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico). Durante a pandemia, cerca de 40 milhões de brasileiros sem carteira assinada e auxílio governamental foram caracterizados como “invisíveis” pelo ministro Paulo Guedes (Economia).
Ao analisar todos os segmentos da economia, a evasão ou não arrecadação pode ter alcançado até R$ 600 bilhões no ano passado, segundo o estudo, quando cresceu a informalidade e o desemprego diante da crise de coronavírus.
O estudo resulta de rodadas de entrevistas com associados do IDV e associações setoriais, de pesquisa de mercado com mais de 200 vendedores e uma série de discussões com especialistas nacionais e internacionais sobre o setor, além de análise de dados públicos e setoriais.
Da evasão fiscal no varejo, 22% ocorreu em canais digitais, segundo o levantamento. São plataformas digitais, aplicativos de conversa, redes sociais e sites. O cross-border, que é a transação internacional mas anunciada em canais que operam nacionalmente, representou 70% dos casos, o que significar até R$ 20 bilhões.
FONTE: Folha Online | FOTO: