
A internet como meio tem o poder gigante de transportar informações, encurtando distâncias e criando oportunidades para as pessoas se desenvolverem de forma pessoal ou economicamente, mas o que mais se fala hoje em dia é que a internet está doente. Essa é uma afirmação equivocada e vou te dizer porque.
A internet quando foi desenvolvida tinha uma função, evitar que se perdessem informações e proteger a comunicação num ambiente de guerra.
Vários computadores ligados a vários servidores, trocando informação em tempo real. Esse foi o resultado de uma tecnologia que começou a ser desenvolvida em 1958, cuja aplicação mais importante do ano de 1970 foi o e-mail.
O fato é que muito cedo a internet ganhou um propósito ainda maior do que servir a guerra. A troca de informações entre pesquisadores de universidades e centros de pesquisa do mundo todo derrubou a barreira do “espaço/tempo” e foi adotada como um ambiente facilitador da comunicação humana.
Logo a internet se popularizou e a internet comercial foi dando ares de entretenimento aos navegantes. E-mails, chats, fóruns de discussão, foram abrindo espaço para sites, blogs, vlogs, canais de vídeo e por fim as redes sociais chegaram para mudar definitivamente a forma com que as pessoas se relacionam.
De 1970, quando a primeira aplicação foi criada, aos tempos de hoje, se passaram apenas 51 anos, a internet comercial, visual, como a conhecemos, tem 30 anos, a internet comercial chegou ao Brasil por IP discado em 1995. De lá pra cá a velocidade da internet evoluiu de forma incrível, o 5G, realidade em alguns lugares do mundo, permite o controle de máquinas em tempo real de qualquer lugar do planeta com a tecnologia disponível. E as pessoas? Elas conseguiram compreender o que está acontecendo?
Suponho que enquanto uma parcela do mundo vai a passos largos construindo pontes para o futuro, uma outra parcela da sociedade permaneceu estacionada na idade da pedra. No meio uma massa de pessoas perdidas sem saber que carregam no bolso uma poderosa ferramenta, atentas apenas a suas características mais superficiais.
A internet faz do mundo uma grande aldeia, onde, por meio de uma tela, abro as portas da minha casa ou do meu escritório para pessoas conectadas de lugares que numa situação comum eu jamais teria a oportunidade de esbarrar.
O que precisamos refletir é sobre, como desejamos nos relacionar enquanto sociedade nos espaços disponíveis na internet? Pense comigo, quando estamos num shopping, nos metemos na conversa de terceiros quando não concordamos com a opinião delas? Nós ficamos na praia gritando e fazendo bullying com as pessoas que estão “fora” do que consideramos padrão de beleza? Nós discriminamos pessoas com agressões verbais num dia de passeio pelo parque por questões raciais ou porque não concordamos com suas posições ideológicas ou suas crenças? E eu nem cheguei na guerra da desinformação, onde pairam tantas mentiras, são tantos exemplos negativos que não quero me estender, preciso fazer mais uma pergunta.
Porque pessoas que não fariam isso num ambiente da “vida real”, usam a internet para destilar suas frustrações em forma de ódio ao próximo? Será que elas acreditam que a internet é um ambiente sem lei, ou não percebem que do outro lado da tela existe um ser humano que também tem uma história, que tem sentimentos, que tem família, amigos?
Por fim quero deixar uma reflexão, precisamos normalizar os espaços gerados pela internet como mais um espaço de convívio social, do contrário continuaremos adoecendo enquanto sociedade e responsabilizando os meios. Precisamos de diálogos francos.
Não são os aplicativos os responsáveis por nossos excessos, precisamos parar de julgar a forma de expressão do outro só porque não a compreendemos, precisamos deixar de responsabilizar o outro por uma conduta que é exclusiva do indivíduo que a pratica. Ou você acha que pode desqualificar alguém porque essa pessoa está dançando, brincando, demonstrando afeto? Aliás, o que você tem a ver com isso?
A internet não é um lugar sem lei, você pode ser punido por abusos cometidos, já a boa educação e o bom senso a gente pratica mesmo quando ninguém está olhando!