
A rodada, a segunda da Dr. Cannabis, teve a meta atingida após 20 dias de campanha pela plataforma StartupMeUp, com cerca de 250 investidores
Em dois meses, a Argentina e o México ampliaram suas legislações para a maconha medicinal, e a Organização Mundial da Saúde (OMS) retirou a planta da lista de drogas mais perigosas, apontando para suas propriedades medicinais.
Enquanto isso, em todo o mundo, milhões de pacientes com epilepsia, dor crônica, ansiedade e autismo já têm buscado medicamentos com cannabis para tratar seus quadros. A informação está no portal da revista Exame.
É neste cenário efervescente e de repensar o papel que a visão sobre a planta teve até aqui que a Dr. Cannabis, startup fundada em 2017 pela empresária Viviane Sedola, tem atuado nos últimos três anos.
Auxiliando pacientes no processo de importar medicamentos de cannabis pelas vias legais, a startup concluiu a captação de uma rodada de investimento de 2 milhões de reais, em um aporte via equity crowdfunding, a “vaquinha” para financiamento de startups.
A rodada, a segunda da Dr. Cannabis, teve a meta atingida após 20 dias de campanha pela plataforma StartupMeUp, com cerca de 250 investidores.
A Dr. Cannabis tem hoje 30.000 pacientes ou responsáveis cadastrados. São desde portadores de doenças que poderiam se beneficiar dos novos remédios a pais com filhos de doenças raras ou parentes de idosos com alzheimer, explica Viviane.
“Ajudamos os pacientes e seus familiares a entender as possibilidades e, se necessário, importar medicamentos de forma legal, de acordo com as regras da Anvisa. Pouca gente sabe como isso funciona”, diz. “Atuamos como forma de suprir a falta de informação segura e regulação desse mercado no Brasil.”
No Brasil, a Anvisa autoriza de forma específica desde 2015 que alguns pacientes com doenças crônicas importem medicamentos à base de canabidiol (CBD). A Dr. Cannabis não atua efetivamente importando medicamentos, apenas ajudando as famílias no processo e no contato com médicos que atuam na área. A importação, pelas regras da Anvisa, precisa ser feita pelos próprios pacientes.
Mais de 16.000 autorizações já foram concedidas pela Anvisa, e Viviane afirma que a concorrência — com novas marcas de remédios e mais acesso ao mercado brasileiro por empresas estrangeiras — têm diminuído os preços. Ainda assim, a importação segue sendo um processo caro, demorado e pouco acessível às famílias mais pobres. Para muitos remédios, o preço pode passar de 2.000 reais.
O mercado de cannabis medicinal é financeiramente promissor em todo o mundo — apesar dos preconceitos que o envolvem. Levantamento da NewFrontier com o grupo The Green Hub, uma aceleradora de startups desse ramo, estimou que a receita potencial da cannabis medicinal no Brasil poderia chegar a 442 milhões de dólares, e passar de 1,4 bilhão se inclusos os tratamento de dores crônicas.
Na Dr. Cannabis, para além da frente de educação, grande parte do trabalho é a conexão entre pacientes e médicos que atuam nas pesquisas com cannabis medicinal. Encontrar um médico que entenda do tema não é trivial, diz Viviane, o que se torna outro obstáculo às famílias.
São 3.000 médicos parceiros para ajudar na disseminação de informações — desses, cerca de 120 são profissionais efetivamente prescritores, que atendem a pacientes, muitos via telemedicina, e ajudam nas orientações sobre usar ou não medicamentos com cannabis para cada caso.
FONTE: Exame | FOTO: Pixabay