Portal StartSe entrevista consultor de startups Chris Yeh, especialista no método de crescimento exponencial de empresas através da escala

Amazon, LinkedIn, Airbnb: o que essas empresas têm em comum? A adoção de um método de crescimento exponencial chamado “Blitzscaling”. Típico do mercado de startups, a metodologia consiste em conquistar uma posição duradoura como líder de mercado, tornando mais difícil a superação pelos concorrentes.

O assunto é abordado no livro homônimo escrito pelo empreendedor e consultor de startups Chris Yeh, junto à Reid Hoffman, fundador do LinkedIn. A StartSe entrevistou o especialista Chris Yeh para que você possa conhecer mais sobre o Blitzscaling e, se quiser, tomar os primeiros passos para adotá-la em sua empresa. Veja a entrevista feita pelo portal StartSe:

Oi Chris! Como você está hoje? Pode nos contar um pouco da sua trajetória para que as pessoas possam te conhecer melhor?
C: Oi! Estou muito feliz, obrigada por me receberem. Eu sou conhecido hoje em dia por ser autor do livro “Blitzscaling” com meu velho amigo, Reid Hoffman. Mas eu também sou o coautor de outro livro, “A Aliança”. E antes disso, sou um cara de startups, por isso, sou empresário, investidor e consultor e estou envolvido com startups desde 1995. É correto dizer que passei toda minha carreira focada em criar empresas e em fazê-las crescer. Eu amo isso!

É difícil ser uma pequena empresa tradicional e se tornar uma corporação. Qual sua opinião sobre isso? Como podemos alcançar esse objetivo?
C: A razão pela qual é tão difícil para as pessoas com uma experiência empresarial tradicional compreender o mundo das startups é porque muitas das regras que funcionam para os negócios tradicionais, não se aplicam a elas. E isso se deve à importância do Blitzscaling.

Afinal, o que é Blitzscaling?
C: É priorizar a velocidade sobre a eficiência, diante da incerteza. Agora, a questão é: por que você faria isso? Se você prioriza a velocidade ao invés da eficiência quando as coisas estão incertas, você está assumindo riscos adicionais. E a explicação está no mundo das startups: o maior risco é não assumir riscos o suficiente. Muitas startups jogam no que chamamos de “jogo do vencedor”, levando a maioria dos mercados. A empresa que é a primeira a atingir escala crítica vai construir uma posição duradoura de liderança que nenhuma outra será capaz de tirar. Pensamos em empresas como a eBay, por exemplo, que têm dominado seu nicho de mercado particular durante décadas, apesar de não terem realmente atualizado muito seu produto. E isso se deve ao fato de que a maioria dessas empresas “vencedoras” são vencedoras em todas as dinâmicas de mercado.

A Blitzscaling funciona de forma diferente de acordo com o porte de cada empresa?
C: Sim. Uma das ideias principais que você tem que entender é que, com o crescimento da sua empresa, ela vai começar a mudar. Por isso, estabelecemos o que chamamos de “as cinco etapas do Blitzscaling“, e isto é baseado no tamanho da empresa.

A primeira etapa é o que chamamos de “Etapa Familiar”. É onde a organização tem em torno de 10 ou menos funcionários, todos estão na mesma sala. Tudo está sendo feito de maneira muito informal. É aqui que todas as empresas começam.

Se você tiver sorte e crescer, alcançará o que chamamos de “Etapa Tribal”, onde você tem entre 10 e 100 funcionários. E aqui, você está começando a construir uma empresa de verdade, mas ainda é muito informal. Como fundador, você pode praticamente dirigir tudo e estar em contato com todos.

Mas assumindo que você construiu estas coisas, então segue para o que chamamos de “Etapa Aldeia” na qual você tem mais de 100 funcionários, mas menos de 1000. E é nesse estágio de “Aldeia” que você está realmente começando a transição de uma organização altamente informal para uma organização que tem camadas, processos de gestão e coisas desse tipo.

As últimas etapas são “Etapa Cidade” e “Etapa Nação”. Na “cidade”, há mais de mil funcionários e, na “nação”, mais de 10 mil.

Por que é tão importante dividir em etapas?
C: Porque enfatiza o fato de que à medida que você cresce, as coisas que fez para chegar na primeira etapa não necessariamente te levarão para a fase seguinte. O que você fez para atingir 1 milhão em vendas, não vai te levar aos 10 milhões. E o que você fez para atingir 10 milhões, não vai te levar aos 100 milhões. Os fundadores e CEOs destas empresas de escala Blitz, em geral, precisam adotar a abordagem de serem eternos aprendizes, aprendendo o novo jogo e o que vai levar para a próxima fase.

O que acha sobre aprender e aplicar a metodologia Blitzscaling no Brasil?
C: O Blitzscaling é extremamente relevante para o mercado brasileiro. O Brasil tem algo em comum com dois mercados bem sucedidos nesta metodologia, os Estados Unidos e China. Há um grande mercado doméstico que é uma grande vantagem, que permite fazer as empresas crescerem muito rapidamente no mercado interno, antes que elas precisem voltar sua atenção para o exterior. Agora lembre-se, é muito importante verificar a escalabilidade da Blitzscaling de sua empresa e entender se esse é o caminho certo ou não.

Por que seguir o Blitzscaling ao invés de outra metodologia de escala?
C: Ele está moldando o mundo ao nosso redor. Basta pensar nas empresas Blitzscaling que afetaram nossas vidas hoje, seja o Google, ou a Apple, ou mesmo uma empresa como a Zoom, que teve que “blitzscaling” tremendamente durante esta pandemia e que estamos usando para gravar esta entrevista enquanto falamos. Se você é um executivo de uma empresa sólida, entender como funciona vai ajudá-lo a identificar potenciais ameaças para o futuro. Ou, inversamente, dar-lhe uma visão de como você pode aumentar seus próprios esforços internos.

FONTE: StartSe | FOTO: Imagem de Pexels por Pixabay