Segundo CEO da LtaHub, comportamento confirma que consumidor que vê filmes piratas também tem disposição para acessar material de forma legal

A procura por conteúdo pirata cresceu no primeiro mês de isolamento social resultante da pandemia de Covid-19 no Brasil e na América Latina. Mas, da mesma forma, aumentou a visitação ao site da Netflix. A razão para isso reside em um comportamento já verificado por empresas que produzem e distribuem o audiovisual legalmente: o consumidor que vê filmes piratas também tem disposição em acessar material de forma legal. A informação está no portal Telesíntese.

Conforme Ygor Valério, CEO da empresa LtaHub, 90% dos consumidores de conteúdo pirata também compram programação lícita.

Em média, explicou, houve um aumento de 15% a 20% no acesso aos sites piratas no Brasil e na América Latina, considerando um cenário com 2 mil sites acompanhados pela LtaHub. Algumas páginas piratas se destacaram acima disso. Segundo levantamento próprio, em fevereiro de 2020, antes, portanto, de eclodir a pandemia no país, um dos principais sites piratas recebeu 10,4 milhões de visitas originadas no território brasileiro. Em abril, a visitação aumentou a 17,65 milhões (alta de mais de 60%), e em junho se estabilizou de volta nos 11 milhões.

“Esse padrão de aumento agudo entre fevereiro e abril, para depois uma queda, observamos em uma boa parte do landscape de sites monitorados”, disse. A título de comparação, a quantidade de acessos ao site da Netflix saltou de 155 milhões em fevereiro, para 210 milhões. Aumento um pouco maior, de 35%. Em junho, as visitas baixaram para 180 milhões.

Segundo ele, a visitação aumento principalmente nos sites que já eram conhecidos do público, e não dependem da indexação no Google para receber visitantes. “O que poderia indicar que a base de consumo não cresceu, mas quem já usava, passou a usar com mais intensidade. É o único dado que conseguimos retirar com certeza”, afirmou. Ele ressalta, ainda, que esses sites são apenas uma parte do universo da pirataria, que também acontece por outros meios e de outras formas.

NO MUNDO
Eduardo Carneiro, coordenador de combate à pirataria da Ancine, destaca que no mundo se viu um crescimento da pirataria conforme o tipo de produtos. Para filmes e séries, por exemplo, a procura foi maior, enquanto para a programação ao vivo da TV por assinatura, esse aumento das buscas foi menor.

Ele citou pesquisa da consultoria Muso, que identificou aumento de 43% na pirataria de filmes e séries no Reino Unidos durante a pandemia, e de 30% na TV. Na Alemanha, a proporção foi de 36% e 12%, e na América do Norte (EUA e Canadá), a proporção ficou em 40% e 12%.

“Isso foi sentido em todo o mundo, guardadas as proporções e o fato de que cada pesquisa tem uma metodologia. O Brasil não escapou desse padrão”, ressaltou.

FONTE: Telesíntese | FOTO: Pixabay