A crescente digitalização dos serviços públicos tem feito florescer um novo mercado no país, com grande potencial de crescimento: startups dedicadas a desenvolver soluções de tecnologia tendo como principal cliente o próprio poder público, as chamadas GovTechs. A informação está no portal da Folha de S. Paulo.
“É mais do que vender soluções de TI, é vender serviços para o governo e fazer isso de uma forma que está muito relacionada com as startups, com inovação, inteligência de dados”, diz Guilherme Dominguez, cofundador e diretor do hub de inovação BrazilLAB.
O BrazilLAB mantém um programa de aceleração de GovTechs pelo qual já passaram 80 startups e um selo de certificação, que chancela as aptas a fazer negócios com o poder público.
Além do Executivo, startups também têm despontado com soluções para gerenciar processos no Judiciário, as JusTechs, e no Legislativo, as LegisTechs, além daquelas voltadas à transparência pública, as chamadas CiviTechs.
Atualmente, só o governo federal gasta, em média, R$ 8 bilhões por ano em serviços de TI, segundo dados da Secretaria de Governo Digital do Ministério da Economia.
“Se 10% disso estiver a cargo de startups, estamos falando de um mercado de R$ 800 milhões em tecnologia inovadora”, diz Dominguez.
Segundo a consultoria inglesa Public, o mercado global de GovTech vale hoje US$ 400 bilhões e deve alcançar US$ 1 trilhão até 2025.
Uma das áreas que prometem despontar ainda neste ano é o setor de compras públicas. A partir da publicação do decreto 10.024, no fim de outubro de 2019, os municípios passaram a ter de usar o pregão eletrônico para fazer seus processos de compras.
As cidades com mais de 50 mil habitantes tinham de se adequar até o dia 3 deste mês. Os municípios entre 15 mil e 50 mil terão até 6 de abril, e por fim os menores, com menos de 15 mil, até 1° de junho.
A GovTech Portal de Compras Públicas, do Distrito Federal, acaba de receber seu primeiro investimento externo, um aporte de R$ 2,5 milhões, da Cedro Capital.
O portal permite aos órgãos públicos e governos promover pregões eletrônicos de forma gratuita —quem paga pelo acesso são os vendedores—, como um marketplace de compras públicas. O serviço é do mesmo tipo do ofertado pelo portal Comprasnet, do governo federal, e o Licitações-e, do Banco do Brasil.
“Enxergamos o governo como um parceiro, não como um cliente. Apesar de os governos serem nosso foco, não recebemos dinheiro público”, diz Leonardo Ladeira, presidente-executivo do Portal.
Segundo ele, a parte tecnológica da ferramenta está bem desenvolvida e o montante deve ser investido em atendimento e treinamento de clientes.
Com um custo baixo, funcionando como Software como Serviço —o cliente não precisa de nenhum tipo de estrutura de TI para usar—, o Portal de Compras Públicas soma 70 mil vendedores cadastrados e 500 compradores, de pequenos municípios com 2.300 habitantes a capitais como Porto Alegre e Vitória. Metade deles tem mais de 50 mil moradores.
FONTE: Folha de S. Paulo | FOTO: Pixabay