Presos da cadeia pública de Cambé, no norte do Paraná, divulgaram um vídeo no Youtube nesta segunda-feira (27) reclamando das condições e da superlotação do espaço. Eles ainda filmaram um buraco cavado na chão da cela revelando um plano de fugir pelo túnel. A informação está no portal da Folha de S. Paulo, em reportagem de Katna Baran.
O narrador do vídeo afirma que a cela, projetada para 32 pessoas, está com 180 e que vários dos detentos já estão condenados e há anos deveriam ter sido transferidos para penitenciárias.
“[Estamos] sem nenhum programa de remissão, de trabalho, de estudo, sem condição do familiar tirar visita, condições vexatórias”, reclama o detento no vídeo.
Ele também mostra a sujeira acumulada no espaço e diz que os presos sofrem com doenças como sarna e tuberculose. Depois, ele filma o túnel e afirma que foi cavado pelos detentos por “desespero”.
“A gente é obrigado a cavar que nem bicho com a mão, com o que tiver, pra ver se a gente escapa, de tão desesperador que é nossa condição. (…) Isso aqui não é bagunça nossa, nada disso, isso aqui é sobrevivência, não tem como a gente ficar uma unidade só vegetando dia a dia, não dá nem pra andar, igual bicho”, diz.
Ao final da narração, o preso pede que as autoridades tomem medidas para transferir os detentos para penitenciárias. “Onde a gente pode ter uma chance de ressocializar de fazer valer um direito nosso”, declara.
O delegado da Polícia Civil de Cambé, Roberto Fernandes de Lima, afirmou que o plano de fuga já havia sido descoberto na sexta-feira (24) e que desde então a segurança do entorno da cadeia foi reforçada.
O vídeo, segundo ele, foi gravado quando os presos já sabiam que o plano havia sido desvendado. Já na segunda-feira, o buraco foi preenchido com concreto e, na terça-feira (28), estão sendo feitas revistas no espaço. Agora a polícia investiga quem gravou as imagens.
Sobre as reclamações dos detentos, o delegado afirma que a única que procede é a de superlotação. A cadeia, com capacidade para 54 pessoas, abriga atualmente 208, sendo que 123 já foram condenados. Na ala onde houve a filmagem, onde cabem 32 pessoas, há 156.
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FONTE: Folha de S. Paulo | FOTO: Reprodução vídeo/Internet