A briga entre Estados Unidos e China, hoje as duas maiores economias do mundo, para ganhar a dianteira no setor de tecnologia tem despertado preocupações quanto a uma “nova Guerra Fria”, entre Ocidente e Oriente. A notícia, veiculada pela Época Negócios, é da BBC News.

Até algumas semanas atrás, a gigante tecnológica chinesa Huawei era a maior provedora global de equipamentos de telecomunicações, com contratos para fornecer redes 5G para países do mundo inteiro.

Agora, em efeito dominó, a empresa perdeu acesso a alguns dos mercados mais valiosos do mundo, como Austrália, Nova Zelândia e Estados Unidos – após Washington acusar a China de desrespeitar sanções contra o Irã e de hackear agências governamentais do Ocidente.

É possível que Reino Unido, Japão e Canadá também abandonem ou reformulem seus contratos com a empresa.

O episódio pode prejudicar seriamente as ambições chinesas de se tornar um ator global na área de tecnologia, e tudo indica que Pequim não aceitará isso passivamente.

Consumidores chineses têm pedido boicote a produtos americanos – como telefones e tablets da Apple -, enquanto a imprensa estatal chinesa levanta a hipótese de “os americanos estarem lançando uma guerra secreta e não declarada”.

‘Guerra Fria 2.0’
O auge da disputa foi a surpreendente prisão de Meng Wanzhou, diretora-financeira da Huawei e filha do fundador da empresa. Ela foi detida no Canadá, a pedido dos Estados Unidos, e libertada sob fiança, sob supervisão da Justiça.

Os Estados Unidos pedem sua extradição, acusando sua empresa de ter vendido produtos de telecomunicações ao Irã e de permitir às autoridades chinesas o acesso às redes de telecomunicações de outros países.

Se for condenada, Wanzhou pode receber uma sentença de até 30 anos de prisão.

“A prisão, independentemente de suas circunstâncias, fez soar um alarme na China acerca de uma Guerra Fria contra o país”, disse à BBC Graham Allison, diretor de um centro de estudos internacionais da Universidade Harvard, nos Estados Unidos.

Para ele, as autoridades chinesas estão interpretando os eventos recentes como uma confirmação de que o governo americano está promovendo uma confrontação em âmbito global.

Originalmente, o termo Guerra Fria se referiu à disputa ideológica e política entre os Estados Unidos e a antiga União Soviética pela soberania global, desde o fim da Segunda Guerra Mundial até o colapso soviético, no início da década de 1990.

Embora nunca tenha havido um conflito militar direto, havia um constante clima bélico, em meio a uma corrida armamentista e tecnológica.

Analistas do setor de tecnologia na Ásia, na Europa e nas Américas têm tratado o acontecimento envolvendo a Huawei como um novo tipo de Guerra Fria, na qual Estados Unidos e China lutam entre si para conquistar a liderança tecnológica da próxima década.

FONTE: Época Negócios

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