
O presidente eleito Jair Bolsonaro confirmou a indicação do astronauta Marcos Pontes para o Ministério da Ciência e Tecnologia. Pontes, militar da reserva e engenheiro formado no Instituto de Tecnologia da Aeronáutica (ITA), é o quarto ministro confirmado por Bolsonaro. O presidente eleito usou sua conta no Twitter para fazer o anúncio na manhã desta quarta-feira.
Além de Pontes estão confirmados: o deputado federal Onyx Lorenzoni (DEM-RS) para a Casa Civil, o general Augusto Heleno para a Defesa e o economista Paulo Guedes para o futuro Ministério da Economia (resultado da fusão das pastas da Fazenda, do Planejamento e da Indústria, Comércio Exterior e Serviços).
O nome de Pontes já vinha sendo ventilado desde a campanha eleitoral. Logo após eleito, Bolsonaro disse que faltavam apenas alguns detalhes para anunciar a escolha de Pontes. Em suas mídias sociais, o astronauta postou ontem um vídeo sinalizando que aceitaria o convite do presidente eleito.
O astronauta
O engenheiro e astronauta Marcos Pontes chegou a ser cotado para vice-presidente de Bolsonaro – cargo que acabou ficando com o general Hamilton Mourão.
Sua indicação para o Ministério de Ciência e Tecnologia, porém, há meses ganhava força.
Em um vídeo publicado em seu canal no YouTube em abril de 2017, Bolsonaro o apresenta como “colega da Aeronáutica, colega astronauta e motivo de orgulho para o Brasil, que também esteve na Nasa” – e “chegou lá por mérito”.
“E nós carecemos muito de gente com essa visão, né? De ser cientista, de ser pesquisador, no caso dele um astronauta”.
Bolsonaro pergunta então a ele se “país sem tecnologia está condenado a ser escravo de quem a tem”. Como resposta, ouviu um “sem dúvida, aliás, educação, ciência e tecnologia têm importância primordial no desenvolvimento do país”.
Em 19 de outubro, em entrevista ao Jornal da Band, Bolsonaro afirmou que estava na iminência de se acertar com o astronauta para o ministério, destacando que ele “é um conhecedor com profundidade do que acontece na ciência e tecnologia do Brasil, ou melhor, do que não acontece”, além de ser “patriota, ter conhecimento, vontade de mudar as coisas e uma iniciativa muito grande”.
Em 2006, a missão espacial da qual Marcos Pontes participou, ligada à Estação Espacial Internacional, custou ao Brasil US$ 10 milhões, gerando questionamentos de parte dos pesquisadores sobre o valor científico para o país.
A saída de Pontes à reserva militar, meses depois, para se dedicar a dar consultorias e palestras e se envolver na política, também despertou críticas.
Neste mês, Bolsonaro teceu elogios ao astronauta em carta à Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência (SBPC) e à Academia Brasileira de Ciências (ABC).
O texto apresenta propostas à comunidade científica e acadêmica e reforça que o “engenheiro, que também é astronauta, foi escolhido” (para as funções que já ocupou) por meritocracia e não por “toma lá da cá”.
Bolsonaro afirmou ainda, no texto, que os investimentos do Brasil na área são tímidos, que devem ser estimulados e que o provável novo ministro “tem esse conceito sistemático bem presente nas suas propostas, além de ter ótimas relações internacionais, o que nos traz boas perspectivas de cooperações lucrativas para o país”.
Nascido em São Paulo, em 1963, Marcos Pontes é mestre em Engenharia de Sistemas, engenheiro aeronáutico, piloto de testes de aeronaves e astronauta. Ele entrou na Força Aérea Brasileira em 1981. Em 1998, passou em um concurso público da Agência Espacial Brasileira (AEB) para representar o Brasil na Nasa na função de astronauta. Se tornou o primeiro astronauta brasileiro.
Essa não é sua primeira investida no campo político.
Em 2014, ele foi candidato a deputado federal de São Paulo pelo PSB, mas não foi eleito. Em 2018, era candidato ao cargo de 2º Suplente de São Paulo pelo PSL na coligação São Paulo acima de tudo, Deus acima de todos.
FONTE: Agência Brasil e BBC Brasil/Foto: Reprodução internet