Cinquenta bilhões de aparelhos estarão conectados à internet em 2050 — do seu carro à sua geladeira, da lâmpada do seu quarto à mala que viaja em avião. A estimativa monumental, feita pela Cisco, inclui aí toda sorte de objetos (e também não objetos). Por exemplo, vacas. Uma das tecnologias que serão apresentadas no Futurecom, evento de TI que ocorre entre 15 e 18 de outubro em São Paulo, consiste numa coleira capaz de detectar quando vacas estão no cio. A reportagem é da Época Negócios.

Fruto de uma parceria entre as chinesas Huawei, Aotoso e China Telecom, o dispositivo está hoje no pescoço de pelo menos 1 milhão de animais de fazendas da China, segundo a Huawei.

Identificar o período em que a vaca está fértil é um dos maiores desafios enfrentados pelos fazendeiros. É que, em mais de 60% dos casos, o cio ocorre à noite, quando não há nenhum humano por perto, segundo informações da japonesa Fujitsu. Muitas vezes, esse momento passa despercebido.

Ninguém fica sabendo se houve cio ou não. Para dificultar ainda mais, é preciso duas ou mais tentativas para que a inseminação artificial funcione. E, se não dá certo na primeira vez, é preciso esperar mais três semanas para realizar uma nova tentativa.

A detecção do cio impacta na produtividade e no lucro do fazendeiro. Afinal, inseminações feitas na hora certa significam mais bezerros e mais leite. No caso dos chineses que contrataram a solução da coleira, o aumento na produção de leite foi de 25%. Isso representou para o produtor um ganho de US$ 420 por ano por vaca.

A solução de monitorar vacas no cio já existe há algum tempo, segundo Marcelo Yamamoto, diretor de estratégia e marketing de Internet das Coisas da Huawei no Brasil. “Mas a tecnologia de conexão era outra”, diz. “Não era rede celular, como a de agora. Antes, o fazendeiro tinha que comprar a antena.” O produto atual dispensa investimento em infraestrutura de rede.

O dispositivo (a parte azul na coleira da foto) é um pouco maior do que uma caixa de sabonete. Cada uma das empresas responde por uma parte da solução. A Huawei é a dona do chipset que vai dentro dessa caixinha e da infraestrutura de comunicação.

A China Telecom é a operadora que fornece a rede de telefonia móvel (e quem vende a solução na China). E a Aotoso fabrica o dispositivo, que é acoplado ao colar que colocam na vaca. Ele detecta se a vaca está no cio de acordo com o movimento do animal. No período fértil, as vacas se movimentam mais.

Por ora, o dispositivo está em uso apenas na China, em fazendas de gado leiteiro. Mas a Aotoso faz, neste momento, sondagens em outros mercados, como o Brasil. Aqui, a parceira Huawei vai avaliar se há interessados.

Monitoramento pelo no pé
A Huawei não é a primeira a monitorar vacas. Na edição de julho de 2016 da revista Época NEGÓCIOS, falamos de uma solução desenvolvida pela Fujitsu que tinha a mesma proposta. No lugar de coleira, no entanto, a empresa japonesa escolheu um pedômetro. O aparelho envia o número de passos dados pelos animais em um dia à nuvem e fornece, assim, informações importantes.

A Fujitsu verificou com o pedômetro que, quando as vacas estão no cio, elas andam muito mais. Com base no uso do dispositivo, a empresa definiu ainda um ponto ótimo do momento do cio e descobriu que, se a inseminação ocorrer quatro horas antes dessa marca, a chance de o filhote ser fêmea é maior. Nas quatros horas depois, aumenta a probabilidade de o procedimento gerar um macho.

Com a sua tecnologia, a Fujitsu diz que a chance de a inseminação funcionar de primeira aumenta de 44% para 90%.

FONTE: Época Negócios

 

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