
Estudo foi publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences
Um estudo publicado na revista Proceedings of the National Academy of Sciences aponta que as redes sociais podem ser uma ameaça à civilização. Dezessete pesquisadores especializados em biologia, psicologia, ciências neurais e climáticas, entre outras, defendem que os acadêmicos devem tratar o estudo do impacto em grande escala da tecnologia na sociedade como uma “disciplina de crise”. A notícia é do Olhar Digital.
“O comportamento coletivo fornece uma estrutura para a compreensão de como as ações e propriedades dos grupos emergem da maneira como os indivíduos geram e compartilham informações. Em humanos, os fluxos de informação foram inicialmente moldados pela seleção natural, mas são cada vez mais estruturados por tecnologias de comunicação emergentes”, relata a pesquisa.
“Nossas redes sociais maiores e mais complexas agora transferem informações de alta fidelidade por grandes distâncias a baixo custo. A era digital e a ascensão das mídias sociais aceleraram as mudanças em nossos sistemas sociais, com consequências funcionais mal compreendidas. Essa lacuna em nosso conhecimento representa o principal desafio ao progresso científico, à democracia e às ações para enfrentar as crises globais”, completa o texto.
Infodemia nas redes sociais
“Argumentamos que o estudo do comportamento coletivo deve chegar a uma ‘disciplina de crise’, assim como a medicina, a conservação e as ciências climáticas. As empresas de tecnologia se atrapalharam com a pandemia de coronavírus em curso, incapaz de conter a ‘infodemia’ de desinformação que impediu a aceitação generalizada de máscaras e vacinas”, detalham os autores, que alertam que poderemos ver consequências não intencionais de novas tecnologias que contribuem para fenômenos como “adulteração de eleições, doenças, extremismo violento, fome, racismo e guerra”.
Joseph Bak-Coleman, coautor do estudo e pesquisador da Universidade de Washington, afirmou ao Vox que a pergunta que estavam tentando responder era: “O que podemos inferir sobre o curso da sociedade em escala, dado o que sabemos sobre sistemas complexos?”.
“É como usamos modelos de ratos ou moscas para entender a neurociência. Parte disso voltou às sociedades animais – a saber, grupos – para entender o que eles nos dizem sobre o comportamento coletivo em geral, mas também sobre sistemas complexos de forma mais ampla. Portanto, nosso objetivo é ter essa perspectiva e, em seguida, olhar para a sociedade humana com ela. E uma das coisas sobre os sistemas complexos é que eles têm um limite finito de perturbação. Se você os perturba muito, eles mudam. E muitas vezes tendem a falhar catastroficamente, inesperadamente, sem aviso prévio. Vemos isso nos mercados financeiros – de repente, eles quebram do nada”, disse Bak-Coleman.
FONTE: Olhar Digital | FOTO: Pixabay