
Vice-presidente riu ao ser questionado sobre gravações e disse que não há o que apurar: ‘Já morreram tudo, pô’
As falas do vice-presidente da República, general Hamilton Mourão, ironizando áudios de sessões do Superior Tribunal Militar (STM) que apontam denúncias de tortura durante a ditadura militar (1964-1985) chegaram à presidência da Corte Interamericana de Direitos Humanos.
A denúncia foi feita pela bancada do PSOL na Câmara dos Deputados. O partido pede que as declarações do general sejam incluídas em ação que acusa o governo Jair Bolsonaro de não cumprir sentença que condenou o país por violações de direitos no caso da Guerrilha do Araguaia.
Nas conversas, os ministros comentam casos como o de uma mulher que sofreu um aborto depois de torturas no DOI-Codi, criticam a atuação de “policiais sádicos” e também duvidam da veracidade de alguns depoimentos. Não há relatos de que o STM tenha feito algo para impedir os atos de violência contra opositores do regime.
Questionado por jornalistas sobre o teor das gravações, Mourão afirmou na segunda-feira (18) não haver o que apurar sobre as violações cometidas durante o regime militar. “Apurar o quê? Os caras já morreram tudo, pô”, afirmou, rindo em seguida. “Vai trazer os caras do túmulo de volta lá?”.
O conteúdo das gravações, fruto do trabalho do professor de história do Brasil Carlos Fico, da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro), foi divulgado pela jornalista Míriam Leitão, do jornal O Globo.
FONTE: Coluna Monica Bergamo (Folha Online ) | FOTO: Reuters