
O jogo é simples: um termo de cinco letras que precisa ser descoberto em seis tentativas
Quando o relógio marca meia-noite, milhares de pessoas têm repetido a mesma rotina: pegar o telefone celular e, com olhos fixos na tela, tentar descobrir a nova palavra do dia. O jogo é simples. Um termo de cinco letras que precisa ser descoberto em seis tentativas.
A fama do quebra-cabeças das letras começou em inglês, e a mesma história se repete em português. O “Termo” começou quase como uma brincadeira há poucas semanas e, em menos de dois meses, já atrai mais de meio milhão de pessoas por dia e recebeu até interessados em comprar o jogo.
O engenheiro paulistano Fernando Serboncini mora em Montreal, no Canadá, e trabalha para o Google. Ele é engenheiro de software e estuda jogos como hobby. Em dezembro de 2021, percebeu que cada vez mais gente comentava sobre o “Wordle”, o primeiro jogo das cinco letras em inglês.
Nas redes sociais, jogadores exibiam orgulhosos os resultados e alguns não escondiam a ansiedade pela palavra do próximo dia. Serboncini ficou curioso. Então, aproveitou os dias frios do inverno canadense, passou horas em frente ao computador e, em 5 de janeiro, nasceu a versão lusófona do jogo, o “Termo”. A primeira palavra do jogo, aliás, foi “festa”.
“As visitas diárias já passaram de meio milhão por dia. Está entre 510 mil e 530 mil”, diz o engenheiro paulistano. Dos jogadores, cerca de 85% são brasileiros, 7,5% estão em Portugal e o restante, em outros países.
A mecânica do “Termo” é idêntica à versão em inglês. A cada tentativa, o jogo te indica se está perto – ou longe – de resolver o desafio: letra verde indica que está no lugar certo, amarela mostra que está na palavra, mas na posição errada e, se ficar apagada, aquela letra não faz parte da resposta.
Fernando Serboncini conta ao CNN Brasil Business que já recebeu muitas propostas de anúncio para o jogo. O “Termo” —e outras versões em português, como o “Letreco”— não têm anúncios. Mas, diante da febre, não é difícil imaginar que marcas tenham interesse em ser a resposta do desafio diário. Para isso, porém, precisariam ter a sorte de ter nomes com cinco letras. O criador do jogo, porém, disse não aos interessados. “Não tenho interesse por enquanto”.
O sucesso da versão original, o “Wordle”, já movimentou pelo menos um milhão de dólares nos Estados Unidos. Criado em outubro de 2021, o jogo foi comprado semanas depois, em janeiro deste ano, pelo jornal mais importante dos EUA, o “The New York Times”. No mesmo espírito das letras, o NYT preferiu palavras ao invés de números para falar do valor pago: “um número baixo de sete dígitos”. Ou seja, pagou cifra de pelo menos um milhão de dólares.
O jornal diz que não vai acabar com a versão gratuita, e o mundo de games aposta que o NYT vai criar versões temáticas, desafios com mais ou menos letras e ainda permitir que assinantes façam quantos desafios quiserem – sem o limite de uma palavra por dia.
De volta ao jogo na língua de Machado de Assis, Serboncini diz que já recebeu consultas de gente interessada em comprar o jogo. “Algumas pessoas entraram em contato, tanto do Brasil como de Portugal, mas não conversei com ninguém a sério sobre uma proposta”. “Não tenho planos para o termo virar minha fonte de renda. Com relação à compra, não sou contra, mas não estou buscando”.
Com o sucesso e mais de meio milhão de jogadores todo dia ansiosos pelo novo desafio, não é difícil imaginar que, se quiser, o engenheiro paulistano vai descobrir que o resultado do “Termo”, na verdade, poderá ter duas palavras: “muita grana”.
FONTE: CNN Brasil | FOTO: Reprodução