Classe A gastou com luxos no mercado nacional e investiu volume recorde de dinheiro no exterior

Eles representam cerca de 2% da população brasileira, mas seus gastos são equivalentes a quase 20% do consumo nacional. Em meio à pandemia, enquanto a maior parte do país sofria com perda de renda, em meio ao avanço do desemprego e da inflação, os brasileiros mais ricos se viram impedidos de gastar em viagens internacionais e em compras nas principais capitais do consumo do mundo.

De acordo com matéria da BBC News reproduzida pela Folha Online, com uma “poupança forçada” pela mudança de hábitos, eles gastaram em luxos no mercado nacional e investiram volume recorde de dinheiro no exterior.

Assim, enquanto parte da população fazia fila para receber ossos no açougue, em meio aos preços recordes da carne e ao avanço da fome, outra parcela —bem menor— aguardava na fila para comprar um helicóptero.

Segundo um fabricante ouvido pela BBC News Brasil, a espera por uma aeronave nova chegou a 20 meses, dependendo do modelo, em meio a um salto de demanda.

A fabricante de carros de luxo Porsche bateu recordes de vendas no país em 2020 e 2021, enquanto o setor imobiliário de luxo e super luxo —de apartamentos acima de R$ 1 milhão e R$ 2 milhões, respectivamente— registrou um crescimento de mais de 80% nos lançamentos e de 47% nas vendas.

2% DA POPULAÇÃO, 20% DO CONSUMO
Segundo a empresa de pesquisa de mercado Euromonitor, a chamada “classe A” brasileira representava 2% da população em 2021.

São pessoas com renda familiar anual acima de US$ 45 mil (R$ 248 mil ao ano ou cerca de R$ 21 mil por mês, ao câmbio atual), cujos gastos equivaleram no ano passado a 19,4% do consumo nacional.

Embora a classe A tenha diminuído após dois anos de pandemia (ela representava 2,7% da população em 2019, segundo a Euromonitor), o consumo dessa parcela de maior renda foi bem menos afetado pela crise sanitária do que o restante da população.

“Os consumidores ricos acumularam reservas involuntárias importantes por conta das opções de lazer reduzidas e das limitações sociais impostas pela pandemia”, observa Guilherme Machado, gerente de pesquisa da Euromonitor International.

“A maioria dos brasileiros desses grupos de maior renda está acostumada a viajar para o exterior e comprar itens de luxo nos principais centros globais de consumo, como Nova York, Paris e Londres. Mas, com o fechamento de fronteiras, esses consumidores têm buscado o prazer no mercado de luxo local, resultando em níveis de faturamento sem precedentes para algumas marcas de luxo”, destaca o pesquisador.

A matéria completa da BBC pode ser vista aqui.

FONTE: Folha Online com BBC | FOTO: EBC