
O ex-jogador de futebol e pentacampeão pela Seleção Brasileira Vampeta, identificado como Marcos André Batista Santos, ajuizou uma Ação Ordinária de Benefício Previdenciário, de Auxílio Acidente, contra o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS). O processo foi protocolado em fevereiro de 2025, na Vara de Acidentes do Trabalho do Fórum Regional de Jabaquara, em São Paulo.
Segundo pedido da defesa, Vampeta teve uma carreira vitoriosa, mas foi obrigado a cessar suas atividades como atleta profissional devido a restrições físicas. Essas restrições foram ocasionadas por acidentes típicos, treinos, jogos e o esforço repetitivo exigido para o alto rendimento.
Em 2003, enquanto atuava pelo Sport Club Corinthians Paulista, durante uma partida do Campeonato Brasileiro da Série A, o ex-volante pisou em falso e sofreu uma lesão no joelho esquerdo com rompimento do ligamento cruzado anterior. A lesão exigiu um procedimento cirúrgico para reconstrução do ligamento, seguido de fisioterapia, resultando em um afastamento laboral de 12 meses.
Após a alta médica, o atleta retornou ao trabalho com restrições, o que levou a uma queda de rendimento e dores constantes. Também ocorreram repetições de lesões no membro inferior esquerdo.
Um relatório médico datado de outubro de 2024, assinado pelo Dr. Joaquim Paulo Grava de Sousa, comprovaria que a lesão decorreu de um acidente no clube. O diagnóstico indicado é CID 10 M17.9 (gonartrose não especificada). O relatório também aponta para limitações remanescentes.
As lesões são atribuídas aos treinos intermitentes, atividades de alto impacto e o acidente típico, o que resultou na impossibilidade de o requerente prosseguir como atleta profissional. O quadro clínico é descrito como irreversível, com progressão negativa, e as sequelas permanecem sem recuperação plena, limitando sua capacidade laboral e exigindo maior esforço.
Pedido de auxílio-acidente
O ex-atleta busca receber o Auxílio-Acidente, um benefício concedido ao segurado quando lesões decorrentes de acidente resultam em sequelas que impliquem redução da capacidade para o trabalho habitualmente exercido. A lei prevê este auxílio como uma indenização.
Para comprovar o direito ao benefício, a defesa argumenta que a lesão possui um nexo causal com a atividade profissional. A defesa também cita decisões do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) que concederam auxílio-acidente a atletas profissionais com lesões em membros inferiores, quadril e coluna vertebral, reconhecendo a incapacidade parcial e permanente e o nexo causal. O benefício é considerado um direito constitucional fundamental.
Antes de ajuizar a ação, Vampeta tentou por requerimento administrativo, solicitando o auxílio-acidente em novembro de 2024, contudo, o pedido foi indeferido pelo INSS.
Na ação, o requerente pede a citação do INSS e sua condenação ao pagamento do auxílio-acidente no percentual de 50% do valor do salário de benefício, a contar da data do requerimento administrativo de auxílio-doença por acidente do trabalho (outubro de 2024).
O pentacampeão requer ainda a condenação em verba de sucumbência, a realização de perícia médica em ortopedia, e a expedição de ofício ao Sport Clube Corinthians para obtenção do prontuário médico e informações sobre o impacto das lesões na rescisão ou não renovação contratual. Foi solicitada também a gratuidade processual.
Posicionamentos
A CNN entrou em contato com a defesa do ex-jogador para um posicionamento sobre o caso, mas não obteve retorno até o momento. O espaço segue aberto.
O INSS informou que a concessão de benefícios por incapacidade, como o Auxílio Acidente, é baseada em avaliação pericial feita por Peritos Médicos Federais. Em nota, a autarquia afirma que se o cidadão discordar da decisão, pode recorrer administrativamente ou judicialmente, sendo representado pela AGU. O INSS informa que cumpre as decisões judiciais, mas não comenta casos sub judice para respeitar o sigilo e a privacidade.
FONTE: CNN Brasil | FOTO: Reprodução/Instagram