
Se você viveu os anos 2000 no mundo corporativo, sabe que dominar o Excel era essencial, mas hoje, o Excel é IA. E quem ainda enxerga a inteligência artificial como estagiário de conteúdo, está perdendo o que há de mais transformador na tomada de decisão jurídica.
Antes, o Excel centralizava os fluxos operacionais. Agora, a IA é provocadora de decisões estratégicas. Ela não calcula — ela confronta. E isso muda tudo.
A advocacia 5.0 é a fusão entre tecnologia e pensamento crítico. O advogado do futuro não será substituído por uma IA, mas por outro advogado que souber usá-la para pensar melhor.
Hoje, não uso IA para obter respostas. Uso para testar hipóteses, antecipar argumentos, criar contrapontos. É como ter um conselheiro jurídico invisível. A inteligência artificial permite simular cenários: risco tributário, impacto regulatório, jurisprudência contraditória. Não é sobre prever, é sobre preparar.
A velocidade importa, claro. Mas o que mais vale é a profundidade. Com IA, um raciocínio que levava uma madrugada inteira, agora se refina em menos de uma hora. A decisão continua sendo sua. Mas agora você chega nela com mais clareza. IA é provocação, não delegação. Porque pensar ainda é insubstituível. A IA ajuda a criar, não a decidir. Quem terceiriza pensamento, terceiriza autoridade.
É preciso responsabilidade na parametrização. O viés da IA vem da sua entrada, do comando ou “prompt”. Lixo entra, lixo sai. Ética e supervisão são inegociáveis.
Trate a IA como alguém do seu board de trabalho. Dê contexto, histórico, prioridade. Cobre postura, peça contradições. Só assim ela entrega valor real. Separe um horário na semana. Escolha uma decisão estratégica. Traga a IA para o jogo. Crie constância. Essa é a chave.
A maioria ainda acredita que IA é “coisa de tecnologia”. Mas ela é, antes de tudo, ferramenta de pensamento. A IA não garante respostas, mas ajuda a tornar as perguntas melhores. E isso já é metade do caminho.
Excel não era só cálculo — era clareza. IA, hoje, é o novo Excel. Quem entende isso, assume o protagonismo das decisões jurídicas do futuro.
Por ética e transparência, informo que o texto fez uso de IA.
Bibliografia:
KATSH, Ethan; RIFKIN, Janet. Online Dispute Resolution: Resolving Conflicts in Cyberspace. Jossey-Bass, 2001.
CASS R. Sunstein. Decisão e Informação: Como pensar melhor no mundo da sobrecarga de dados. Companhia das Letras, 2022.
HARARI, Yuval N. 21 Lições para o Século 21. Companhia das Letras, 2018.