O ministro Luís Roberto Barroso, presidente do Supremo Tribunal Federal, disse que 7 milhões de ações de execução fiscal foram extintas após decisão do final de 2023, que autorizou o encerramento de cobranças de baixo valor.

O dado foi informado na sessão desta quinta-feira (19/12), em que Barroso apresentou um balanço da atuação do Supremo em 2024.

Para além da decisão de 2024, ele também destacou a atuação do Conselho Nacional de Justiça. Em fevereiro deste ano, o CNJ aprovou uma portaria para extinguir execuções de até R$ 10 mil paradas há mais de um ano e em que não há indicação de bens do devedor para satisfazer as dívidas.

“Conseguimos extinguir 7 milhões de execuções fiscais, apenas pela decisão relatada pela ministra Cármen Lúcia, permitindo a extinção das execuções de pequeno valor, e exigindo um esforço mínimo de conciliação e a necessidade do prévio protesto antes do ajuizamento da execução fiscal”, afirmou.

“As execuções eram o maior gargalo da Justiça brasileira. E a demora fazia com que, na estatística, aumentasse o tempo médio da duração dos processos”, concluiu.

A maior concentração das execuções fiscais extintas era sobre IPTU, principal tributo municipal.

Outros dados
Segundo Barroso, em 2024, as reclamações cresceram 35% na corte, indo de 7,3 mil, em 2023, para 10 mil, em 2024. Para ele, no entanto, trata-se de consequência esperada. “Tivemos, em 2023, 7,3 mil reclamações. Em 2024, passou para quase 10 mil, um aumento de 35%. É ruim e, em parte, consequência de o tribunal ter se tornado um tribunal de precedentes e esses precedentes serem vinculantes, o que justifica muitas reclamações”, disse o ministro.

Em 2024, o Supremo recebeu 80.212 processos, sendo 26 mil deles originários, e 54 mil recursais. Em 2023, foram 79.168 processos, sendo 24 mil originários e 55 mil recursais.

“A redução no número de recursos recebidos ocorre apesar do sucessivo recorde de novos processos verificados na estatística do Judiciário. O dado demonstra a eficiência da gestão de precedentes feita pelo Supremo, que tem evitado a subida desnecessária de recursos, por meio da identificação de demandas repetitivas e da afetação antecipada de temas para reconhecimento da existência e, sobretudo, da inexistência de repercussão geral”, afirmou.

Segundo o ministro, foram baixados 83 mil processos em 2024, o que representa um aumento de produtividade de 10% em relação ao ano anterior.

Das 114 mil decisões proferidas em 2023, 92 mil foram monocráticas e 21 mil colegiadas, disse. “Recebemos 80 mil processos. Ninguém pode imaginar que seja possível julgar colegiadamente 80 mil processos. Em boa parte deles, o Supremo mantém a decisão de origem. E essas decisões são tipicamente monocráticas.”

FONTE: Conjur | FOTO: Nelson Jr