Dívida média soma cerca de R$ 3.700, indica pesquisa

O número de brasileiros negativados bateu recorde em setembro, de acordo com pesquisa sobre o nível de endividamento da população realizada pela Confederação Nacional de Dirigentes Lojistas (CNDL) e pelo Serviço de Proteção ao Crédito (SPC Brasil) divulgada nesta quinta-feira (20).

O relatório mostra que 4 em cada 10 brasileiros adultos (39,71%) estavam negativados no mês passado, o que corresponde a aproximadamente 64,25 milhões de pessoas, recorde da série histórica iniciada em 2014.

Em um cenário de juros elevados e crescimento econômico modesto, o volume de consumidores com contas atrasadas cresceu 11,17% em relação ao mesmo período do ano anterior. Na comparação com agosto, houve um aumento de 0,93% no número de devedores.

A dívida média acumulada por brasileiros com o nome negativado, por sua vez, somava um montante ao redor de R$ 3.688,96 em setembro.

De acordo com o levantamento, o setor bancário, com 61,18% do total, concentra a maior parte das dívidas pendentes de consumidores no país. As dívidas junto aos bancos cresceram 37,94% em setembro, na comparação com o mesmo período do ano passado.

O comércio aparece na sequência, respondendo por 12,86% das dívidas, ainda que tenha registrado um leve decréscimo de 0,28% em relação a setembro de 2021. Em seguida vem o setor de água e luz, com 10,51% do total das dívidas (e alta de 11,86% no ano contra ano), e o de comunicação, com 8,24% (queda de 11,57% em bases anuais).

O levantamento aponta também que cerca de 34,14% da população endividada possuía dívidas que somavam um valor de até R$ 500. Outros 20,48% tinham dívidas até o mês passado entre R$ 1.000,01 e R$ 2.500,00, enquanto 18,42% deviam valores de R$ 2.500,01 até R$ 7.500,00.

Em relação ao tempo em que as dívidas estão em atraso, o aumento mais expressivo foi do intervalo de 91 dias a um ano, em que houve um crescimento de 35,16% em relação a setembro de 2021, respondendo por 21,78% do total das contas pendentes.

A maior parte das dívidas estão atrasadas entre 1 e 3 anos, com 32,58% do total, com o prazo tendo registrado um crescimento de 2,11% em bases anuais.

Já na divisão por faixa etária, o levantamento mostra que aqueles entre 30 e 39 anos são os mais endividados, com um percentual de 23,99% do total, o que representa cerca de 15 milhões de pessoas registradas em cadastros de devedores.

Em relação ao gênero, a inadimplência está bem distribuída, com 50,90% de mulheres e 49,10% de homens.

“Apesar do menor número de desempregados, muitos brasileiros ainda não conseguiram se recolocar no mercado de trabalho e aqueles que conseguiram uma vaga ainda tentam se organizar financeiramente”, afirmou o presidente do SPC Brasil, Roque Pellizzaro Junior.

Segundo os dados do SPC Brasil, o consumidor leva, em média, dez meses até conseguir sair do quadro de inadimplentes. “Concentrar todas as dívidas em um único lugar ajuda a ter mais controle, entender melhor o tamanho da dívida e fazer um planejamento”, disse Pellizzaro Junior.

FONTE: Folha Online | FOTO: EBC