
Brasileiros figuram na categoria Pioneiros por trabalho em defesa dos povos indígenas e descoberta da variante ômicron
A revista americana Time elegeu a coordenadora executiva da Apib (Articulação dos Povos Indígenas do Brasil), Sonia Guajajara, e o cientista Tulio de Oliveira entre as 100 pessoas mais influentes do mundo em 2022. A lista foi divulgada na manhã desta segunda (23).
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Os dois foram eleitos na categoria Pioneiros. Guajajara figura na lista em razão de seu trabalho e ativismo em defesa dos direitos dos povos indígenas, e Oliveira, que é brasileiro mas vive na África do Sul, em função do trabalho que realizou para a identificação da variante ômicron do coronavírus, sequenciada no país africano.
O texto de apresentação da coordenadora da Apib é assinado por Guilherme Boulos, líder do MTST (Movimento dos Trabalhadores Sem Teto) e pré-candidato a deputado federal pelo PSOL. “Desde cedo, ela lutou contra forças que têm tentado exterminar sua comunidade por mais de 500 anos”, escreveu Boulos no início da descrição.
“Sonia segue resistindo: contra o machismo, como uma mulher feminista; contra o massacre dos povos indígenas, como uma ativista; e contra o neoliberalismo, como uma socialista”, diz em outro trecho —a líder indígena também lançou, em março, sua pré-candidatura para deputada federal pelo estado de São Paulo pelo PSOL.
Tulio de Oliveira, por sua vez, foi reconhecido na categoria ao lado do também cientista Sikhulile Moyo, diretor do laboratório para o estudo do HIV do governo de Botsuana em parceria com a Universidade Harvard. Oliveira, que desde 1997 vive na África do Sul, é diretor do Centro para Respostas e Inovação em Epidemias (Ceri) do país.
O texto de apresentação do brasileiro é escrito por John Nkengasong, diretor dos Centros Africanos para Controle e Prevenção de Doenças. O camaronês descreve o sequenciamento da ômicron, prontamente comunicado à comunidade internacional, como “uma mudança de paradigma que simbolizou que a excelência científica pode ter origem na África.”
Nkengasong acrescenta, no entanto, a complexidade da resposta mundial à descoberta —países americanos e europeus impuseram restrições de viagem a nações africanas, algumas das quais nem sequer haviam relatado casos de infecção pela variante ainda. “Isso me fez refletir sobre como a cooperação e a solidariedade globais devem ser quando lutamos juntos contra um desafio como a Covid.”
“Toda geração tem pessoas que vão inspirar a próxima, e Sikhulile e Tulio têm o potencial para ser essa inspiração para aqueles que vão trabalhar com saúde pública e genomas”, concluiu o cientista.
No Twitter, Guajajara comentou o reconhecimento da revista. “É um reconhecimento da luta indígena global, que é coletiva e defende o futuro de toda a humanidade”, escreveu a líder indígena.
Tulio, por sua vez, disse ser uma enorme honra figurar na lista ao lado de Guajajara. “Vamos trabalhar para um Brasil melhor, que respeite a ciência, a vida, a população indígena e a natureza”, escreveu o cientista.
FONTE: Folha Online | FOTO: Reprodução/Rogan Ward