Uma parte notável dos pacientes que foram apresentados em artigos científicos sobre a doença tinham um histórico de uso de antidepressivos

Você sabia que existe uma condição rara que faz uma pessoa viva acreditar que já está morta? Trata-se da síndrome de Cotard, chamada informalmente de “síndrome do cadáver ambulante”, que tem uma relação direta com a depressão grave e se desenvolve por meio de alucinações.

Apesar de ser considerada rara, a síndrome de Cotard já foi relatada em alguns estudos científicos ao longo dos anos. O primeiro caso que se tem conhecimento remete a 1880, e era o de uma paciente que acreditava não ter mais órgãos, apenas pele e ossos. Com isso, acreditava não precisar mais se alimentar, e foi definhando até morrer realmente.

Uma parte notável dos pacientes que foram apresentados em artigos científicos sobre a doença tinham um histórico de uso de antidepressivos e relataram sentimentos de desesperança, baixa energia e perda de apetite. Em 2013, o portal New Scientist publicou uma entrevista com um paciente que passou a acreditar que já não tinha mais um cérebro, depois de se eletrocutar durante o banho, numa tentativa suicida. O paciente relatou que, na época, chegou a perder o olfato e o paladar.

Síndrome de Cotard faz uma pessoa viva acreditar que já está morta (Imagem: stevanovicigor/envato)
Um ponto importante que os cientistas notaram ao longo de estudos baseados em exames de imagem, é que a atividade cerebral de uma pessoa com a síndrome de Cotard tem muita semelhança com a de uma pessoa em estado vegetativo. Assim, a teoria dos pesquisadores é que essas alterações sejam responsáveis pela sensação de morte.

De qualquer forma, os neurocientistas ainda não conseguiram bater o martelo em relação à causa da síndrome, o que sugere a necessidade de estudos mais aprofundados. A grande dificuldade reside justamente na raridade da condição, o que acarreta na escassez de material para que se realize comparações essenciais para a compreensão do distúrbio.

FONTE: Canaltech via Grunge, New Scientist, Psichiatry, IFL Science | FOTO: Enxovato