
Em vídeo de 2020, Paulo Ghiraldelli acusou deputada de ‘tapear’ Ciro Gomes (PDT) e seus eleitores
A Justiça Federal da 3ª Região condenou o filósofo e youtuber Paulo Ghiraldelli pela prática de injúria após ter chamado a deputada federal Tabata Amaral (PSB-SP) de “falsa e vagabunda”. O Ministério Público Federal também já havia se manifestado pela condenação. A informação é da colunista Monica Bergamo, da Folha de São Paulo.
Em vídeo publicado em fevereiro de 2020, Ghiraldelli acusou a parlamentar de negar a política e de se alinhar à direita. “Tabata Amaral se transformou na grande farsa política de nossos tempos”, disse, após rememorar o voto favorável à reforma da Previdência dado pela deputada.
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O filósofo e youtuber ainda acusou a hoje pessebista de “tapear” Ciro Gomes (PDT) e seus eleitores, além de pregar a “antipolítica” e não apresentar propostas para a população.
“Eu vou dar um recado direito para você, Tabata. Direto. Na sua cara. Eu te procurei várias vezes para conversar. Por quê? Porque eu queria saber quais eram as suas propostas, porque eu fiz campanha para você, e você fugiu. Sabe por que você fugiu? Porque você é sem vergonha, falsa e vagabunda. É isso que você é”, diz na peça.
De acordo com a juíza federal Maria Carolina Akel Ayoub, ficou comprovado que Paulo Ghiraldelli injuriou Tabata em razão de suas funções, ofendendo sua dignidade e decoro.
“As ofensas não ocorreram de forma irremediável ou durante debate. Foi algo pensando e gravado. Não sendo desconhecido, pois, que muitos criadores de conteúdo se utilizam de roteiros sabendo exatamente sobre o que vão falar e como vão falar”, afirma a magistrada.
“O réu tinha a escolha de editar o vídeo e preferiu assim não fazer, revelando-se o dolo, inclusive específico”, diz ainda. “Emitir uma opinião no calor do debate e ser gravado é diferente de produzir a gravação e optar por divulgá-la sem edições”, segue.
A Justiça Federal da 3ª Região afirma chamar atenção o fato de o filósofo não ter editado o vídeo e suprimido as ofensas pessoais, embora tenha se declarado arrependido no âmbito da ação.
Ao testemunhar no processo, Tabata Amaral disse que nada tira de sua cabeça que a agressão sofrida teve motivação de gênero, considerando os adjetivos empregados pelo youtuber. E que, ao extrapolar o campo da crítica política e atacar sua honra, Paulo Ghiraldelli contribui para que muitas mulheres pensem várias vezes antes de se candidatarem.
O filósofo foi condenado a remover o trecho da publicação em que chama Tabata de “sem vergonha, falsa e vagabunda” —que ainda segue no ar— no prazo de 15 dias, sob pena de multa diária progressiva de mil reais.
A sentença ainda determina que o filósofo e youtuber preste serviços à comunidade ou entidade pública e pague dois salários mínimos em favor de Tabata. Ele poderá recorrer em liberdade.
FONTE: Monica Bergamo Folha de São Paulo | FOTO: EBC