
Na avaliação do ministro, o estudo pode servir de base para, num futuro próximo, a criação de um contencioso tributário restrito à questão jurídica
A superação da alta litigiosidade tributária é apontada pelo presidente do Conselho Nacional de Justiça (CNJ) e do Supremo Tribunal Federal (STF), Ministro Luiz Fux, como fundamental para a garantia da segurança jurídica e a melhoria do ambiente de negócios no Brasil. Ao abrir a quinta edição da Série Justiça Pesquisa, o “Diagnóstico do Contencioso Judicial Tributário”, o ministro alertou que o problema impacta, inclusive, a própria efetividade da atuação do Judiciário brasileiro.
Na avaliação do ministro, o estudo pode servir de base para, num futuro próximo, a criação de um contencioso tributário restrito à questão jurídica. “A maioria dos casos convergem para o instituto de demandas repetitivas. No meu modo de ver, os tribunais superiores deveriam se dedicar apenas à fixação de teses jurídicas e não acompanhar, durante anos, processos de execução fiscal que não acabam”, avaliou. O lançamento ocorreu na terça-feira (15/2) e foi transmitido pelo canal do CNJ no YouTube.
Fux enfatizou que o diagnóstico produzido pelo CNJ em parceria com o Instituto de Ensino e Pesquisa (Insper) se tornará referência de consulta obrigatória para soluções práticas a serem estudadas por especialistas do direito tributário e adotadas pelo Poder Judiciário. “A pesquisa é resultado de um esforço técnico-científico que mapeou as lacunas para localizar alternativas visando à redução do grande número de conflitos judiciais tributários e à consecução dos referidos princípios constitucionais”.
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Para o presidente do Superior Tribunal de Justiça (STJ), Ministro Humberto Martins, diagnósticos e debates qualificados sobre o tema contribuirão para o enfrentamento do desafio de aperfeiçoamento contínuo do Poder Judiciário brasileiro. “Agora, temos elementos que irão subsidiar a tomada de decisão, a gestão e a governança, além da propositura de instrumentos normativos que sejam capazes de enfrentar esses problemas”, avaliou.
Diagnóstico
Para elaboração do Diagnóstico, foram analisados cinco milhões de processos, 750 milhões de publicações e envolvidos 128 órgãos, como tribunais de Justiça e administrativos, Receita Federal, procuradorias, defensorias públicas, associações e conselhos representativos de magistrados e contribuintes. Para a confecção do documento também houve a realização de 107 entrevistas.
O Secretário Especial de Programas, Pesquisas e Estratégica do CNJ, Marcus Lívio Gomes, destacou que quando se iniciou o projeto, a avaliação era que se tratava de algo inexequível. “Não esperávamos ter licitantes mas, para nossa sorte, tivemos o Insper como vencedor do certame. Ele se mostrou à altura do desafio e entregou a maior pesquisa sobre o contencioso tributário já realizado no Brasil, e talvez no mundo”.
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Segundo a professora Luciana Yeung Luk Tai, coordenadora Acadêmica do Insper, o trabalho será extremamente útil para a construção de um melhor sistema tributário no Brasil. “Nossa atividade foi intensa e nossa pesquisa tem caráter interdisciplinar e mutimetodológica. É integralmente baseada em dados, alguns quantitativos e alguns qualitativos”.
O lançamento do diagnóstico foi acompanhado pelo representante no Brasil do Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), Morgan Doyle; pelo chefe da Divisão de Gestão Fiscal e Municipal do BID em Washington, Emílio Pineda; pelo Procurador-Geral da Fazenda, Ricardo Soriano; do Secretário Especial da Receita Federal no Brasil, Júlio César Gomes; e pela presidente do Conselho Administrativo de Recursos Fiscais, Adriana Rego.
FONTE: CNJ | FOTO: CNJ