Segundo o texto da Polícia Federal, Moro desconhece a corporação e negou fazê-lo quando teve oportunidade

Por meio de nota divulgada nesta terça-feira (15), a PF acusou Moro de mentir nas declarações que tem feito sobre o trabalho que o órgão desempenha nos últimos meses. A PF atacou também o ex-juiz por sua atuação na passagem no Ministério da Justiça, do qual a polícia é subordinada.

Segundo o texto da Polícia Federal, Moro desconhece a corporação e negou fazê-lo quando teve oportunidade, ficando fora de todos os debates que envolviam interesses dos servidores.

A nota provocou polêmica dentro e fora da corporação. Moro deixou o ministério em abril de 2020 ao acusar Jair Bolsonaro (PL) de inferência na corporação e hoje se apresenta como pré-candidato à sucessão do presidente.

A PF diz que foi preciso reagir publicamente aos ataques do ex-ministro para fazer a defesa institucional da corporação. Alega que Moro faz discurso eleitoreiro “vazio” porque não teria havido mudança significativa em termos operacionais entre o período em que foi ministro (janeiro de 2019 a abril de 2020) e o atual.

Lembra que aliados de Bolsonaro são alvos de investigação por ataques infundados ao STF (Supremo Tribunal Federal) e a seus integrantes.

Alega ainda que a manifestação conta com o respaldo de uma parcela significativa de servidores da PF. Cita a insatisfação deles com Moro por não brigar pela categoria durante a discussão da reforma da Previdência realizada pelo atual governo.

Nas redes sociais, integrantes da PF fizeram críticas ao comunicado. Em tuíte replicado por Moro, o delegado Alexandre Saraiva falou que a polícia vive “momento mais tenebroso”.

O policial foi responsável por apresentar no Supremo uma notícia-crime contra o então ministro do Meio Ambiente Ricardo Salles por supostamente ter atrapalhado investigações de exploração ilegal de madeira. O político sofreu desgaste e acabou deixando o cargo.

“Resultado da pior administração da história da PF obra de ‘uma patota de encapuzados que ficou por anos em chefia de cargos comissionados, postos que incrementam o salário’. Agem como se na PF ‘houvesse feudos'”, afirmou Saraiva.

Na mesma rede social, o delegado Fabiano Bordignon, que chefiou o Departamento Penitenciário Nacional durante a gestão de Moro, afirmou que prefere “as operações espetaculares do passado, que revelaram as chagas abertas da corrupção política, ao espetáculo atual da impunidade”.

FONTE: Folha Online | FOTO: EBC