
O texto havia sido aprovado na Conitec, apesar tentativas de boicote da ala pró-cloroquina do governo
O Ministério da Saúde barrou a publicação da diretriz para tratamento de pacientes com Covid-19 elaborada por grupo de especialistas que contraindicava o uso de “kit Covid” no SUS (Sistema Único de Saúde).
O texto havia sido aprovado pela Conitec (Comissão Nacional de Incorporação de Tecnologias no SUS). A decisão foi assinada pelo secretário de Ciência e Tecnologia da pasta, Hélio Angotti, e publicada no Diário Oficial da União nesta sexta-feira (21).
O secretário não aprovou três dos quatro capítulos da proposta das Diretrizes Brasileiras para Tratamento Hospitalar do Paciente com Covid-19. Também rejeitou o texto sobre o tratamento ambulatorial.
Além de rejeitar o tratamento com medicamentos sem eficácia, como a hidroxicloroquina, estes pareceres abordavam métodos de controle da dor e sedação de pacientes em ventilação mecânica, e tratavam da assistência hemodinâmica e medicamentos vasoativos.
Quase dois anos após o começo da pandemia, o ministério publicou apenas uma diretriz, em junho de 2021, sobre uso de oxigênio, intubação orotraqueal e ventilação mecânica de pacientes, elaborada pelo mesmo grupo de especialistas.
O governo tem até o dia 24 para apresentar ao STF (Supremo Tribunal Federal) uma diretriz de tratamento da Covid-19 no SUS. A ação foi apresentada pelo MDB.
Há prazo de até dez dias para apresentação de recurso sobre a decisão desta sexta-feira da Saúde. Depois, Angotti terá cinco dias para apresentar nova resposta sobre os pareceres.
Em última instância, e sem prazo de resposta, o ministro Queiroga decide sobre a publicação ou não das diretrizes.
Em dezembro, a votação que rejeitou o “kit Covid” teve placar apertado, de 7 a 6. Uma votação anterior havia terminado empatada.
FONTE: Folha Online | FOTO: Reuters