Advogados foram chamados de “gado” bolsonarista em vídeo gravado pelo parlamentar

A Justiça de São Paulo condenou o deputado estadual Arthur do Val (Patriota), o Mamãe Falei, a indenizar dois advogados que foram chamados de “gado” bolsonarista em vídeo gravado pelo parlamentar durante uma manifestação em apoio ao presidente Jair Bolsonaro. O deputado, que ainda pode recorrer da decisão, terá de pagar R$ 60 mil por danos morais (R$ 40 mil para um deles e R$ 20 mil para o segundo). A informação é do colunista Rogério Gentile, do Uol.

No vídeo, gravado durante um ato realizado na avenida Paulista, em São Paulo, no dia 1º de Maio, o deputado questiona os advogados a respeito do senador Flávio Bolsonaro (PL-RJ), vinculando-o a temas como foro privilegiado e funcionários fantasmas. De acordo com a Justiça, a imagem dos advogados foi manipulada pelo deputado na edição do vídeo “com o evidente propósito de ridicularizá-los”.

“As perguntas são todas preparadas de forma ardilosa para impingir-lhes a pecha de ignorantes”, afirmou na sentença o juiz Marcelo Augusto Oliveira. “Claramente se vê que a intenção do deputado nessa entrevista nunca foi colher a opinião sóbria dos autores [do processo] sobre qualquer assunto, mas, somente, ridicularizá-los como ‘gado’.”

Na defesa apresentada à Justiça, Arthur do Val afirmou que o vídeo aborda sua opinião pessoal sobre condutadas da família Bolsonaro e que não há qualquer acusação aos autores do processo. Disse também que o vídeo não alterou o sentido das palavras dos entrevistados, que não houve manipulação e que a edição “serviu simplesmente para tornar a versão final mais dinâmica”.

“O conteúdo [do vídeo] não constitui qualquer crime contra a honra”, afirmou o deputado à Justiça. Segundo ele, que fala no processo em liberdade de expressão, as críticas e questionamentos feitos na gravação são absolutamente pertinentes a um Estado democrático.

No processo, os advogados afirmam que o deputado, que tem cerca de 2,7 milhões de seguidores do YouTube, teve, no vídeo, o nítido propósito de diminuí-los, atribuindo a eles “características animalescas”. Disseram também que não foram ao ato do 1º de Maio com o objetivo de apoiar Bolsonaro, mas, sim, para protestar “contra as injustiças sociais”.

Além da indenização, o deputado foi condenado a publicar uma retratação em suas redes sociais de ao menos 58 segundos, bem como divulgar a íntegra da entrevista que fez com os advogados. Ele ainda pode recorrer da decisão.

FONTE: Rogério Gentile, Uol | FOTO: Reprodução Internet