
Delegada vê atuação direta de presidente na disseminação de desinformação sobre as urnas
A Polícia Federal sugere em relatório do inquérito sobre a live de 29 de julho com ataques às urnas eletrônicas que Jair Bolsonaro seja investigado no inquérito das milícias digitais voltada a desacreditar a democracia e as instituições. As informações estão em relatório encaminhado a Alexandre de Moraes, do STF, com um resumo do que foi apurado após pedido de instauração do ministro.
Além das milícias digitais, a PF ainda sugeriu o envio do caso para a Controladoria-Geral da União e para o Ministério Público Federal. No MPF, o objetivo é analisar o possível ato de improbidade administrativa do presidente e de outros integrantes do governo pelo uso da máquina pública para organizar a live e amealhar informações sobre as suspeitas de fraude.
O envio para a CGU, por sua vez, visa analisar se o presidente infringiu alguma norma do código de ética do servidor público ao divulgar informações sabidamente falsas.
O entendimento da investigação é o de que a live é mais um evento promovido pela suposta organização criminosa que ataca as instituições e a democracia e, portanto, deve ser apurado dentro do mesmo procedimento que está em andamento e que recentemente pediu a prisão de Allan dos Santos.
A delegada Denisse Ribeiro afirma que Bolsonaro teve “direta e relevante” na produção de desinformação sobre o sistema eleitoral e aderiu “a um padrão de atuação já empregado por integrantes de governos de outros países”.
A PF ouviu no inquérito o perito Ivo Peixinho, levado por Anderson Torres (Justiça) a uma reunião com Jair Bolsonaro no Palácio do Planalto dias antes da live.
O ministro da Justiça, Alexandre Ramagem (Abin) e Luis Eduardo Ramos (Secretaria-geral da Presidência) também foram ouvidos.
A investigação aponta que todos sabiam da inexistência de fraudes nas urnas ou provas para sustentar a versão apresentada por Bolsonaro na live e mesmo assim realizaram a transmissão.
FONTE: Folha Online | FOTO: TSE