
Somos dependentes tecnologicamente, o que ninguém fala é que a tecnologia da informação está presente em quase tudo, e a cada dia, mais um pouco.
Antigamente, caso um moinho de vento quebrasse, seria interrompida a produção daquele moinho, hoje se acontecer a pane no sistema de uma hidrelétrica, isso pode afetar uma cadeia de produção inteira.
Antes a produção usava um sistema de energia descentralizado, hoje funcionam interligadas por um único sistema do qual são dependentes. No caso da energia, alguns poucos contam com sistemas sobressalentes de geradores próprios em caso de pane no sistema principal.
No caso da comunicação acontece a mesma coisa. Um mercado, antes dominado por grandes corporações com poder de investimento, que usava os meios de comunicação de massa para divulgar seus produtos e serviços para a população. Hoje, num contexto digital, as mídias sociais abrem espaço para empreendedores individuais, micro, pequenas e médias empresas construírem seus públicos, alguns com investimentos perto de zero, basta um celular na mão e o app certo para começar a se promover.
Acontece que em pouco tempo a maioria dos negócios se tornaram dependentes dessas redes, baseando seu processo de comunicação e vendas nos espaços digitais. Para a maioria não existe um plano B. Muitos iniciaram sua transformação digital durante a pandemia e ainda nem compreendem bem sobre os cenários e as opções.
Por volta do meio-dia do dia 05/10/202, as três redes sociais mais usadas no mundo caíram, passando cerca de 7 horas offline, se tornando o assunto mais comentado na internet e gerando um um grande prejuízo para a gigante das comunicações. Tudo que se sabe é que houve uma falha na configuração de seu sistema interno, com isso, seu dono perdeu o posto de 4º homem mais rico do mundo para Bill Gates. A empresa perdeu cerca de 7 bilhões em 4 horas, as ações caíram mais de 5% na Nasdaq em uma tarde, e hoje temos um evento histórico que levou todo o planeta a refletir sobre essa dependência econômica das mídias sociais.
Eu poderia escrever linhas e mais linhas sobre alternativas, sobre a necessidade de ser multiplataforma, de ter um site próprio e investir em SEO, de ser estratégico e não basear seu modelo de negócio em uma única rede social, investir em um só canal. Mas eu estaria sendo leviano.
Juntas, Facebook, Whatsapp, Instagram e Messenger têm quase o peso da população mundial em número de contas ativas. Nenhuma outra rede social gera o fluxo que Facebook ou Instagram ou Whatsapp geram sozinhas, imagine juntas.
Já tentaram criar outras redes sociais. No papel muito potencial, a exemplo do que fez a extrema direita nos EUA para fugir das mediação das fake news propagada por eles, criando o Parler. O potencial virou pó depois que o Google retirou de sua loja e a Amazon suspendeu o serviço de hospedagem do app até que a rede social implantasse a moderação de conteúdo.
A verdade é que menos de uma dúzia de empresas comandam a comunicação no mundo e isso é um super poder. Mas ele estará nas mãos de quem tiver o controle sobre o fluxo de comunicação das pessoas.
Na China as redes sociais ocidentais são proibidas, facebook, youtube, twitter, nada disso. Mas eles não ficam para trás, WeChat, a plataforma “tudo em um” é responsável pela distribuição de notícias, pelas mensagens diretas, pela movimentação de e-commerces, compartilhamento de vídeos, fotos e histórias, tudo sendo provido por uma só empresa, a Tencent.
O fato é que as mídias sociais são meios e não o fim. Ou seja, aquele espaço não é seu, ele tem um dono que define as regras e sua permanência lá pode ser comprometida a qualquer momento.
Ter uma home pra chamar de sua é o mínimo que o um negócio deve ter para se sustentar digitalmente, usar o fluxo gerado nas redes sociais para gerar acessos no site, esse é o princípio de uma estratégia assertiva. Oferecer saídas objetivas, de forma clara, em cada canal é um cuidado necessário, mas a maioria dos empreendedores digitais ainda não está preparado para esse assunto, a maioria ainda está preocupado em gerar seguidores e curtidas ao invés de construir sua reputação.