
Como disse semana passada, caro leitor, levaremos a vocês um conteúdo qualificado porque investir é uma decisão séria. Não tenho nenhum driver novo que não me leve a crer que o Ibovespa tem outra direção a não ser para baixo. Contudo, nem de longe eu teria coragem de operar short alavancado (operar vendido com dinheiro da corretora apostando na queda).
Agora, temos um cenário externo nebuloso com o receio de um desaquecimento global após aumento de casos de coronavírus e problemas com a gigante imobiliária Evergrande, na China. Esses fatos derrubaram as commodities e reforçaram a cautela dos investidores, que aguardam a reunião do Federal Reserve na semana que vem para mais clareza no destino da política econômica nos Estados Unidos.
Aqui no Brasil, o risco fiscal, pressões sobre a Petrobras para alterar política de preços de combustíveis e o aumento do IOF somaram-se à expectativa de alta dos juros no Copom na próxima quarta. Ainda teremos divulgação da prévia da inflação IPCA-15, resultado das contas externas, e definição da bandeira tarifária de energia pela ANEEL.
A agenda internacional da próxima semana traz as decisões de política monetária do Federal Reserve e do Copom na quarta-feira e do Banco da Inglaterra na quinta. Na próxima terça-feira a OCDE divulga projeções econômicas do G-20. Saem também na quinta indicadores dos gerentes de compras, os PMIs, dos Estados Unidos e da Zona do Euro.
Embora muito tenha se falado essa semana de desaceleração econômica, acredito que vem notícia boa do PMI (Purchase Manager´s Index, um índice de compras) porém dados de inflação global preocupem. Mas essa inflação veio pra ficar. É fruto das decisões ruins de políticos ao redor do mundo que nos mandaram ficar em casa. É uma inflação de oferta. É persistente e estrutural.
As ações dos EUA terminaram em forte queda na sexta-feira, com o Dow Jones perdendo 166 pontos para 34.585, perto de níveis mais baixos em pelo menos 2 meses. O S&P 500 caiu 41 pontos, no menor nível em um mês de 4.433 pontos, arrastado para baixo pela queda nos setores de materiais e tecnologia. O Ibovespa fechou no menor nível em 6 meses. Só esse mês caiu 6,4% e nessa semana, 2,5%. Nessa esteira, o dólar avançou 0,60% a R$5,297 hoje e 0,55% na semana, a segunda de alta. O aumento do IOF pesou e fez a curva de juros subir em toda extensão em até 8 pontos-base.
Mas nem tudo foi notícia ruim. Nessa semana tivemos fortes altas também. A Méliuz ON liderou as altas no Ibovespa, com 19,90%, após disparar por quatro pregões seguidos, acumulando alta de 184,53% no ano. Minerva ON ganhou 7,40%, com dólar valorizado. Cosan ON subiu 7,05%, fortalecida por relatório do BTG Pactual, recomendando compra dos papéis e elevando o preço-alvo a R$39,00. Na ponta negativa, Suzano ON liderou as quedas, com -13,27%, com aversão dos investidores a empresas ligadas a materiais básicos; CSN ON e Gerdau PN perderam 11,70 e 9,89%, respectivamente, também na esteira do minério de ferro mais caro.
Fernando Amaral possui 25 anos de experiência em finanças corporativas com passagem em empresas multinacionais como Coats Correntes, Souza Cruz, Oi. Foi professor de Finanças na Universidade Federal do Rio Grande do Norte e atualmente leciona finanças e economia em universidades de âmbito estadual e nacional.
Instagram @professorfernandoamaral