Tecnologias como essa têm ganhado espaço junto a autoridades policiais

Um sistema de inteligência artificial (IA) usado em algumas cidades dos Estados Unidos causou um transtorno irreparável a um cidadão inocente: ele foi parar na cadeia em razão de falha da tecnologia.

Segundo a agência Associated Press, Michael Williams, de 65 anos, foi falsamente acusado de assassinato em agosto passado e permaneceu um ano inteiro na prisão, tudo por culpa de uma IA problemática.

De acordo com a notícia reproduzida pelo Canaltech, o ShotSpotter é um sistema de detecção de tiros criados para monitorar disparos em regiões violentas. Quando identifica um som similar ao de uma arma, mapeia a região com base na geolocalização sonora e envia um comunicado para as autoridades, que vão até o local para averiguar o caso.

Nesta situação mencionada, o homem foi levado direto para a cadeia e só foi libertado após a promotoria desistir do caso por falta de provas. A Associated Press afirma que os funcionários da ShotSpotter, cientes do erro da ferramenta, ainda alteraram manualmente o local de onde os sons de tiro vieram para favorecer o seu produto.

Conforme apuração, o sistema é falho até para detectar tiros bem abaixo dos seus microfones de captação, sem contar a existência de relatos de falsos positivos com fogos de artifício ou escapamentos barulhentos de automóveis mais antigos. Quando isso ocorre, se houver alguém por perto, a chance de ser falsamente acusado é grande, especialmente em comunidades compostas por negros e latinos, onde a IA se fortalece lado a lado com o racismo e a xenofobia.

Tecnologias como essa têm ganhado espaço junto a autoridades policiais, em especial nos EUA, para coibir a prática criminosa sem colocar a vida de policiais em risco. O problema é que ela não estaria sendo capaz de reduzir a violência com armas de fogo ou assassinatos — nem sequer a apreensão de armas foi ampliada.

FONTE: Canaltech | FOTO: Divulgação/ShotSpotter