
A companhia vai tentar repetir o sucesso obtido no país natal durante a pandemia
Maior startup de educação do mundo, a indiana Byju’s anuncia nesta quarta-feira, 28, sua chegada ao Brasil. Depois de crescer em seu país de origem e se consolidar como “unicórnio” (como são batizadas as empresas de inovação que valem mais de US$ 1 bilhão), a startup quer disputar o mercado educacional brasileiro com aulas de programação para crianças, complementando o currículo do ensino tradicional com atividades para os pequenos. É um reforço para o setor de “edtechs” do País, que conta com 566 empresas atualmente, mas nenhum unicórnio. A notícia é do TERRA.
Fundada em 2011 na Índia, onde é a gigante nacional de inovação – assim como o Nubank é no Brasil -, a Byju’s dá continuidade à expansão internacional que começou neste ano em países como Austrália, Estados Unidos e Reino Unido. Agora, além do Brasil, os mercados do México e da Indonésia também são os novos alvos da startup, avaliada em US$ 16,5 bilhões após receber US$ 1,5 bilhão em uma rodada de investimento finalizada no último mês de junho.
“O País é um dos grandes mercados mundiais e, apesar da crise econômica, o setor de startups está bombando. É natural desembarcar aqui”, afirma ao Estadão o presidente executivo da Byju’s no Brasil, Fernando Prado — o executivo fez recentemente uma “guinada” de área: antes CEO na startup de mobilidade Clickbus (onde ainda mantém o cargo de conselheiro), ele foi chamado para lançar a operação da indiana no País e “colocar a casa em ordem”.
A Byju’s é dona de uma plataforma para computadores que conecta alunos a professores por meio de vídeo. A empresa atesta que o diferencial do modelo, frente a plataformas de videochamadas como Zoom e Google Meet, está na metodologia criada pelo educador e fundador da startup, Byju Raveendran: a startup aposta em um atendimento individualizado, em que cada estudante precisa entregar atividades curtas nas aulas. No mundo, a plataforma tem 100 milhões de estudantes, sendo 6,5 milhões assinantes pagos.
Além disso, a Byju’s foca o ensino em crianças de 6 anos até adolescentes de 15 anos, diferente de parte das startups rivais no País, que segmentam o negócio nos jovens em época de pré-vestibular, como a Descomplica. A operação é inaugurada com aulas de programação com até 18 meses de duração.
“Nós desenvolvemos atrativos para as crianças aprenderem, com a intenção de tornar o aprendizado em algo divertido para eles”, explica Prado, citando que é possível, por exemplo, aplicar a linguagem de programação JavaScript e, ao final da lição, criar um jogo de pingue-pongue com o tema. O executivo vê a Byju’s como uma aliada do ensino tradicional nas escolas, e não concorrente no aprendizado – ainda que, no momento, a startup prefira captar estudantes diretamente, e não com parcerias com instituições de ensino. As aulas podem sair por até R$ 500 mensais.
Em um mercado com escassez de programadores, como o do Brasil, a Byju’s reconhece que é positivo formar o que podem ser os futuros desenvolvedores das startups e empresas do futuro – mas esse não é o foco da indiana. “Não queremos colocar esse peso da profissão em crianças. Quando você aprende a escrever, pode até escrever poesia, enquanto, ao ‘codar’ (criar códigos de programação), é possível fazer até um jogo”, explica Prado, que já “sentiu na pele” a dor de encontrar bons desenvolvedores para trabalhar em startups.
A diretora presidente do Centro de Inovação para Educação (Cieb), Lucia Dellagnelo, concorda e diz que, para além das vantagens profissionais, a programação tem vantagens para o desenvolvimento das crianças, como o ensino de lógica e resolução de problemas. “Mesmo que a pessoa não venha a ser programadora, é muito importante entender a lógica e os conceitos principais da computação para viver a vida normalmente, porque o assunto permeia quase todos os aspectos de nossas vidas”, explica.
Aulas de matemática e música também devem entrar no cardápio da startup no Brasil até o final deste ano, similar aos outros mercados em que atua.
FONTE: TERRA | FOTO: Pixabay